PAULO AFONSO- Falando com sinceridade, via de regra, o Legislativo nunca esteve separado totalmente do Executivo. Porém, a sessão de ontem (24/fev), explicitou um estado de vulnerabilidade como talvez, nunca visto.
Do primeiro ao último narrador da tribuna, sem exceção, saltaram elogios ao prefeito Galinho (PSD). Mesmo o líder da oposição, Jailson Oliveira (Progressistas), teve a coragem de afirmar que o prefeito, “fez um discurso muito bonito”, referindo-se à abertura dos trabalhos na outra semana. Aliás, “lindo.”
Jailson como líder da oposição, se tivesse ficado calado, seria um Drummond. Afirmar que o discurso do prefeito foi lindo, sem considerar o que se passa na vida real, foi, como diriam os jovens, falta de noção. Logo após, ele diz textualmente: “Tem mulher sangrando precisando fazer a cirurgia de útero que o prefeito tirou do Nair.”
Eis que se deve perguntar: onde está mesmo a beleza das bravatas do prefeito?
Vamos ao cerne: o conjunto do Legislativo é de amargar.
O Legislativo por definição, deveria fiscalizar o Executivo e propor melhorias, mas como está, envergonha o cidadão.
Se tornou um Poder que consome uma boa fatia do erário, para, postas lado a lado, as falas de parlamentares ligados ao prefeito ou não, serem uma sabujice só: “Parabéns pelo trabalho!”; “é isso aí prefeito!”; “finalmente temos um calendário de eventos como sempre sonhamos…”; “o discurso foi muito bonito, pense!”; “valeu prefeito pela vaquejada” etc. etc.
Os custos dessa vulnerabilidade são enormes para a sociedade. Não se discute a sério nenhum problema estrutural da cidade, por receio de magoar o prefeito e este trancar a porta ao vereador.
O efeito reboque positivo
Na ausência do Legislativo, o povo à mercê da sorte e sem os serviços públicos, se aproxima de políticos sem mandato. Cresce a popularidade de muitos líderes que vão encontrando brechas para resolver um b.o aqui e outro ali.
Não há espaço para dúvidas: no próximo pleito a renovação será grande e punitiva.
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