A reunião organizada pela Chesf e Secretaria Estadual de Saúde, nesta quinta-feira, (4), permitiu que os representantes da sociedade pauloafonsina e da região ouvissem as explicações da Empresa e do Estado sobre o processo de transferência do Hospital Nair Alves de Souza. O evento contou com a presença de diversas representações políticas e da sociedade organizada, como vereadores, prefeitos e deputados estaduais e federais. A questão do HNAS já vem sido debatido há um bom tempo, sendo que no ano de 2009, com a aceleração do processo de transferência para o Estado, iniciou-se a mobilização. Enquanto um grupo político buscou politizar a situação, os vereadores da oposição mantiveram o discurso de que era preciso primeiro ouvir a Chesf e a SESAB sobre este processo, pois tudo estava sendo discutido nos bastidores sem a participação da sociedade interessada. Este pedido inclusive foi transformado em Requerimento pelo vereador Celso Brito, para que a Mesa da Câmara realizasse o debate, fato que não aconteceu.
Para os vereadores da bancada de oposição, este é um avanço na discussão pública, mesmo não sendo ainda o debate ideal, onde a população deveria ser ouvida e ter sua opinião respeitada, e se possível acatada. Contudo, a iniciativa reacendeu os debates e a participação de deputados federais ao evento fez com que a discussão fosse levada aos altos escalões do governo. Em seu pronunciamento o vereador Celso Brito, enfatizou que a saúde pública na Bahia tem que ser contada de três anos para cá, pois os avanços conquistados até então certificam a SESAB a controlar o HNAS, mas não concorda com a forma que a Chesf se propõe a retirar seu aporte financeiro. Lembra que o decreto em questão foi feito por Fernando Henrique quando se desejava privatizar as estatais, e que o Presidente Lula certamente não concorda com esta atitude. Reforçou a tese de que a própria Eletrobrás é mantenedora de hospitais, e que não justifica a Chesf se eximir desta responsabilidade social. O líder da oposição destacou que a Chesf investe milhões ao ano em cultura, como o caso da Fundação Joaquim Nabuco que em 2008, recebeu 18 milhões da empresa, além do apoio a diversos festejos na Capital e no interior de Pernambuco. Os atuais 25 milhões de reais que a Empresa aplica no HNAS ao ano representam muito pouco para uma organização que obteve 1,4 bilhão de reais em lucro só em 2008. Para ele, quem administra não é o principal, pois se for uma OS ressalta que há excelentes modelos de gestão, e que pode ser bom ou não, mas a sociedade está pronta a cobrar e fiscalizar. Ao final deixa um pergunta ao secretário Jorge Solla: "Será que depois de 5 anos o Estado poderá manter o HNAS, com 12,5 milhões a menos no orçamento?".
"Este debate serviu para que os deputados que tanto se omitem das questões municipais, aparecessem e se prontificassem a engajar nesta luta e utilizar sua influência no Congresso e no Planalto, para que a Chesf mantenha o aporte financeiro ao HNAS, independente de quem irá administrar o hospital", enfatiza o vereador Celso Brito.