A reabertura de bares, restaurantes e igrejas, foi o assunto mais comentado nas ruas de Paulo Afonso desde as primeiras horas de ontem, 1º de setembro. A retomada do comércio vem acompanhada de um aumento desenfreado dos casos da Covid-19. Somente na segunda-feira, 30, a cidade teve o segundo maior recorde de casos confirmados. Foram 32, segundo o Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde, totalizando 714 casos e 28 mortes. Diante do crescimento dos números, a população tem ficado apreensiva quanto ao risco de contaminação.
Segundo o decreto municipal de número 5.824, a partir de 1º de setembro, os estabelecimentos citados foram autorizados a atender presencialmente, com ressalvas das autoridades em saúde para funcionários e clientes, como medida de impedir o avanço do contágio do novo coronavírus.
Nas ruas da cidade não foi difícil encontrar pessoas que são contra a retomada do comércio. Muitos temem que a reabertura contribua ainda mais para o aumento de casos do vírus na cidade. “Todo mundo tem que se prevenir. Não é justo você está se prevenindo e a grande maioria não. Está errado abrir, vai prejudicar todos nós. Não tem limite quem frequenta, vão beber, dançar”, disse o agricultor, Cícero Tavares.
Para a manicure, Carla Jardência: “Não concordo porque vai aglomerar mais gente. Quando fecha e abre os casos sempre aumentam, porque aglomera”. O autônomo, Mário Souza reiterou : “Vai aumentar com certeza. Se fechado já teve aumento de casos, abrindo vai aumentar ainda mais e a doença vai circular”.
O mototaxista, Ricardo Gomes, é contrário a maioria. Para ele: “Já que abriu outras coisas, tem que abrir bares também, mas com restrições. Não pode deixar tudo fechado, pois o povo precisa faturar”.
Aumento dos casos
Na semana passada, Paulo Afonso registrou 02 recordes diários, sendo o primeiro na quarta-feira, 26, com 26 casos em 24 horas e na sexta-feira, 28, com mais 36 casos, segundo Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde.
Moradora do Centro, a aposentada, Amélia da Silva, é uma entre tantas que encontraram dificuldades em realizar testes rápidos do vírus na rede municipal de saúde. Foi preciso recorrer a uma clínica particular para obter o exame. “Adoeci, fui lá e não tem médico, nem sequer agente de saúde. Para fazer um exame do Corona tive que pagar sem poder”, relata.
O descaso da saúde é também um problema vivenciado por quem reside na área rural. É o caso da moradora do povoado Barro Vermelho, Raquel Batista. “A gente fica sabendo pelo rádio, ou televisão, é o único jeito que descobrimos para se prevenir da Covid. Somos esquecidas demais”.
Diferente de outros municípios baianos, que iniciaram a retomada após verem seus números de casos da Covid reduzirem, Paulo Afonso segue na direção contrária. Agora resta saber como os números vão se comportar com a reabertura, como o Governo Municipal de Paulo Afonso, por meio da Secretaria de Saúde, vai atuar na fiscalização para evitar aglomerações e como irá reagir com o possível resultado pós-decreto.