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Paulo Afonso (BA) - 13/04/2012

Obra sobre homossexualidade de Lampião fica proibida

JornaldaCidade.Net -Wilma Anjos – Da Equipe JC
Foto Divulgação (DP)

Por conta de uma decisão judicial, permanece censurado o livro "Lampião Mata Sete", do juiz aposentado Pedro de Morais, que fala da suposta homossexualidade do nordestino. O juiz da 7ª Vara Cível de Aracaju, Aldo Albuquerque, manteve a decisão de impedir o lançamento da obra que defende a tese de que Virgulino Ferreira da Silva, mais famoso como Lampião, na verdade era gay. A ação foi movida pela filha do cangaceiro, Expedita Ferreira.

O autor da obra começou a pesquisar a vida de Lampião em 1960. Fascinado pela história, buscou relatos de diversas pessoas que tiveram experiências com Virgulino. "Muitos que leram o meu livro alegam que fui fiel a real imagem de Lampião. Mas acontece que eu atingi o mito. E isso não foi bem aceito", avaliou o escritor.

Em seis de novembro do ano passado, Pedro de Morais participou da Segunda Bienal do Livro, em Salvador, e vendeu 297 exemplares. "Mas decidi respeitar a decisão do juiz e recolhi 100 exemplares. Mas ainda assim o restante ficou com a distribuidora". Mesmo com a obediência do magistrado, algumas cópias foram vistas em cidades como Recife (PE) e Cajazeiras (PB). "Estou cumprindo a decisão, mas não posso fiscalizar a venda dos livros", defendeu-se.

Pedro de Morais diz não entender a interpretação do juiz Aldo Albuquerque, que se baseou na Constituição Federal para continuar impedindo o lançamento do livro. Para o juiz "a Constituição protege a inviolabilidade da individualidade das pessoas". E por isso a venda seria ilegal.

Argumento que não convenceu o autor. "Havia o excesso de feminilidade de Lampião, mas o maior bandido da história do país é tratado como mito. Então eu percebo que não posso comprometer esta imagem. Ele lidava com meninos em seu bando o tempo inteiro e muitos outros indícios que apontam para a sua homossexualidade. Por que o Aldo não quer que eu lance o livro? Por que não preservei o nome de um morto?", questionou Pedro Morais.

Para chegar à biografia de Lampião, o escritor diz que leu 43 livros sobre o cangaceiro, além de revistas e filmes que o ajudaram a entender a figura de Virgulino. "Quem leu meu livro sabe que não exagerei, nem menti sobre o comportamento de Lampião", insistiu.

Sobre os exemplares que ficaram em sua casa, Pedro Morais disse que lhe restam duas soluções: ou recorrer mais uma vez da decisão ou afundar a obra restante no Rio Sergipe. "Devo entulhar a minha casa? Como jogar os livros no rio seria uma atitude muito radical, recorrer judicialmente é uma opção mais branda".

 


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