Política

Paulo Afonso - Bahia - 29/07/2024

Como Enganar o Eleitor: Crônica das Promessas Vãs

Por: Itaíbes Paiva
Divulgação

A política, essa arte sutil de conquistar corações e mentes, muitas vezes revela seus truques mais ardilosos durante o período eleitoral. Entre as estratégias mais comuns está o uso de promessas vazias, principalmente aquelas relacionadas a obras públicas que nunca serão iniciadas ou concluídas. É uma peça teatral que se repete a cada ciclo eleitoral, com roteiros já bem conhecidos, mas que, infelizmente, ainda conseguem enganar muitos eleitores. 

O espetáculo começa quando as eleições se aproximam e, como em um passe de mágica, surgem projetos grandiosos de infraestrutura. São novas escolas, hospitais modernos, pontes que ligam sonhos e avenidas que prometem desafogar o trânsito. Maquetes impressionantes são apresentadas, com detalhes que quase fazem sentir o cheiro do asfalto novo. Tudo é possível, tudo está ao alcance. Mas, assim que as urnas se fecham, o entusiasmo se dissipa como fumaça.

Os políticos sabem que obras tangíveis têm um poder simbólico enorme, verdadeiras fabricas de ilusão. Elas são a manifestação concreta de suas promessas, armas poderosas na corrida eleitoral. Um terreno baldio se transforma, na imaginação dos marqueteiros, em um complexo esportivo de primeiro mundo. Um galpão abandonado vira uma escola técnica que mudará a vida dos jovens. É a fábrica de ilusões trabalhando a todo vapor.

Uma técnica comum é anunciar o início de uma obra grandiosa pouco antes das eleições. Máquinas são levadas ao local, placas comemorativas são instaladas, e há uma cerimônia de inauguração com discursos emocionados. No entanto, passada a euforia inicial, a obra entra em um limbo. As máquinas desaparecem, o local fica abandonado, e a vegetação toma conta novamente. O tempo é suspenso, e a promessa se dissolve na rotina esquecida do dia a dia.

Quando a cobrança finalmente chega, a culpa nunca é do político que fez a promessa. Sempre há uma desculpa conveniente: a burocracia, a falta de verbas, o governo anterior, a crise econômica. A responsabilidade é jogada de um lado para o outro, em um jogo de empurra-empurra que deixa o eleitor desorientado e frustrado.

Mas além das obras não iniciadas ou inacabadas, existem outras maneiras sutis de enganar o eleitor, distribuição de cestas básicas, medicamentos ou benefícios temporários que desaparecem após as eleições, o populismo de última hora. Compromissos com a criação de empregos que nunca se concretizam anúncio de reformas, simulações de participação popular onde as decisões já foram tomadas e as opiniões coletadas são ignoradas.

 

Enganar o eleitor com promessas vazias é um truque antigo, mas ainda eficaz para muitos políticos. No entanto, essas estratégias devem servir como um alerta. A responsabilidade do eleitor é crucial para mudar esse cenário. É essencial que a população se informe, questione e exija transparência e resultados concretos. Somente assim, a política deixará de ser um espetáculo de ilusões para se tornar um verdadeiro instrumento de transformação social.


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