Política

Paulo Afonso - Bahia - 25/09/2023

Torço para que o governo dê certo, diz líder do União Brasil

Por Guilherme Reis, Henrique Brinco e Paulo Roberto Sampaio
Foto: reprodução
Marcinho Oliveira é líder do maior partido de oposição ao governo na Assembleia
Marcinho Oliveira é líder do maior partido de oposição ao governo na Assembleia

O líder do União Brasil na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Marcinho Oliveira, foi lançado em um caldeirão de polêmicas nas últimas semanas. Tudo porque tem participado recorrentemente dos eventos do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), no interior. Essa atitude tem causado irritação entre os correligionários do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil). Em entrevista à Tribuna, Oliveira afirma que torce pelo sucesso do governo petista. "Não faço política do quanto pior, melhor. Na hora de criticar, a gente crítica, mas sem radicalismo. Acho, por exemplo, que o governo precisa avançar e melhorar em áreas como a segurança e a saúde, que são dois grandes gargalos herdados pelo atual governador", ressalta. O deputado estadual nega que esteja planejando deixar a sigla. "Não há nenhum tipo de conversa sobre mudança. Até porque meu mandato como líder vai até o final de janeiro de 2024. Aliás, tenho recebido o apoio dos colegas de bancada. Agora, se lá frente o entendimento do meu líder político, deputado federal Elmar Nascimento, for de que eu deva deixar a liderança mesmo antes do prazo, eu o farei sem problemas", garante. Ainda no papo, Marcinho revela projetos e faz projeções para o futuro.

Tribuna  - Qual a avaliação que o senhor faz desses primeiros nove meses de governo Jerônimo, o senhor que é líder do maior partido de oposição na Assembleia, o União Brasil?

Marcinho Oliveira - Tenho buscado fazer uma oposição com os pés no chão, como é meu estilo, sem partir para ataques pessoais, mas apenas no campo da política. Torço para que o governo dê certo porque, se isso acontecer, será bom para todos os baianos. Não faço política do quanto pior, melhor. Na hora de criticar, a gente critica, mas sem radicalismo. Acho, por exemplo, que o governo precisa avançar e melhorar em áreas como a segurança e a saúde, que são dois grandes gargalos herdados pelo atual governador.

Tribuna  -  Na segurança, o senhor defende uma intervenção federal, como alguns colegas seus?

Marcinho Oliveira - Eu defendo que os governos estadual e federal enfrentem o problema juntos, de forma estratégica, enérgica e planejada, principalmente no que se refere ao combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado. É preciso uma ação articulada e focada também na inteligência e na valorização dos policiais. Acho que, de alguma forma, essa ação conjunta já tem acontecido, com as operações envolvendo os órgãos de segurança pública do Estado e a Polícia Federal. O fato é que a segurança precisa melhorar muito na Bahia, e todos reconhecem isso.  

Tribuna  -  O senhor hoje é líder do União Brasil, mas tem participado de alguns eventos e inaugurações de obras no interior por Jerônimo. Como o sr. caracterizaria sua relação com o governo estadual?

Marcinho Oliveira - Eu fui votado em muitos municípios da Bahia. Tive o apoio de diversos prefeitos, e muitos votaram em Jerônimo, como aconteceu com outros colegas de oposição. Isso é normal. Acontece muito de o prefeito não votar no mesmo candidato a governador do deputado ou até do próprio partido, tanto no bloco da situação quanto da oposição. Quando sou convidado por um prefeito para o aniversário de 90 anos de uma cidade, com uma série de entregas, como aconteceu em Euclides da Cunha, eu não posso simplesmente deixar de ir só porque o governador estará presente. É um desrespeito às lideranças que me apoiaram e ao povo que votou em mim. De modo que minha relação é com o prefeito, com a liderança. Tem gente que utiliza isso para fazer tempestade em copo d'água, sendo que deveria ser visto com naturalidade.

Tribuna  -    Há informações que seus colegas de partido querem sua saída do posto. Qual a chance de isso ocorrer?

Marcinho Oliveira -   Não há nenhum tipo de conversa sobre mudança. Até porque meu mandato como líder vai até o final de janeiro de 2024. Aliás, tenho recebido o apoio dos colegas de bancada. Agora, se lá frente o entendimento do meu líder político, deputado federal Elmar Nascimento, for de que eu deva deixar a liderança mesmo antes do prazo, eu o farei sem problemas. O que aconteceu foi a queixa individual de um deputado do partido por conta de disputas políticas em municípios, a exemplo de Euclides da Cunha.

Tribuna  -   Como sempre acontece em todo governo, alguns deputados estaduais já reclamam de uma suposta falta de atenção do governo. Na sua percepção, como tem se dado a relação de Jerônimo com a Assembleia?

Marcinho Oliveira -   As queixas sobre essa falta de atenção são da base do governo, pelo que tenho acompanhado na imprensa e ouvido nas conversas em plenário. Ou seja, sobre essa insatisfação talvez fosse melhor consultar um dos parlamentares do governo, para uma resposta mais direta. No que se refere a mim, acredito que o tratamento dispensado pelo governador aos 63 deputados da Assembleia, e vice-versa, deve ser sempre respeitoso, republicano e institucional, pois defendo a autonomia constitucional dos Poderes.

Tribuna -  O senhor apresentou, pela segunda vez, um pedido de criação da CPI da ViaBahia na Assembleia. O primeiro requerimento foi arquivado por recomendação da Procuradoria da Casa. Acha que esse segundo pode ter destino diferente?

Marcinho Oliveira -   Essa CPI não é só uma solicitação do deputado Marcinho, mas de toda a Assembleia, dos deputados da oposição e do governo. É também uma demanda de toda a sociedade, que não aguenta mais o descaso da ViaBahia com os buracos, a falta de sinalização e de obras de duplicação previstas em contrato. Vidas estão sendo perdidas por conta disso e essa empresa nem deveria estar mais na Bahia. Acredito, sim, que dessa vez o pedido da CPI vai prosperar, porque ela deve funcionar agora de forma limitada, sem atuar sobre as questões que são de competência da União.

Tribuna -  A sucessão no comando da Assembleia é outro tema que surgiu nas últimas semanas. Concorda que Adolfo Menezes tenha um terceiro mandato?

Marcinho Oliveira -   Está muito cedo para tratar disso, afinal a eleição só acontece em 2025. Ainda temos, no caminho, uma eleição municipal. Vamos discutir no momento certo.  

Tribuna -  Em relação a 2024, Bruno Reis é o favorito em Salvador? E quanto ao governo, vê algum nome competitivo entre os que são especulados, como Geraldo Júnior e Robinson Almeida?

Marcinho Oliveira -   Bruno Reis tem feito um excelente trabalho em Salvador. É uma gestão de referência para o país. É um dos melhores quadros do União Brasil e, tenho certeza, caminha para ter uma reeleição tranquila. Claro que eleição é disputa, e não se pode entrar de salto alto porque ninguém ganha de véspera. É preciso trabalhar firme, como o prefeito tem feito. É preciso fazer também as costuras políticas, conversar com os partidos para ampliar a base, fazer alianças, dialogar com as diversas correntes. Bruno também sempre soube fazer isso muito bem, e creio que vai intensificar no momento certo. Nós, deputados da oposição, devemos nos unir para ajudar Bruno e os nossos candidatos no interior, pois 2024 é prioridade, e não, por exemplo, a eleição para presidente da Assembleia, que é só em 2025. Sobre os adversários em Salvador, temos que respeitar todos. Sou colega do deputado Robinson Almeida na Assembleia, e é uma pessoa que merece todo nosso respeito e estima, assim como o vice-governador Geraldo Júnior, mas acredito que Bruno é o amplo favorito. Esse é sentimento de quem circula por Salvador.

Tribuna -  Os problemas na segurança pública poderão prejudicar o grupo governista nas próximas eleições, caso não seja apresentada uma resposta à altura do problema?

Marcinho Oliveira -   Eu acho que, além dessa questão, o eleitor vai estar mais preocupado em analisar o currículo e as propostas dos candidatos. A gestão de Bruno também será avaliada, e os índices são positivos. Temos o prefeito mais bem avaliado do país, que tem contribuído muito com Salvador. Pegou uma cidade arrumada do antecessor ACM Neto, que foi outro grande prefeito, com ampla aprovação popular, e conseguiu avançar ainda mais.

Tribuna -  Existem especulações de que Elmar Nascimento deve ir para o PP para ter mais chances de ser escolhido o sucessor do deputado federal pepista Arthur Lira (AL) para a presidência da Câmara. O senhor, que já foi vice-prefeito de Santaluz pelo PP, também iria junto?

Marcinho Oliveira -   Olhe, não existe pensamento ou conversa sobre isso. Fui sim vice-prefeito da minha terra pelo PP e sou muito amigo do presidente do partido na Bahia, o deputado federal Mário Negromonte Júnior. Tenho essa ligação com o PP, até porque muitos prefeitos do partido me apoiaram em 2022, mas não tem conversa sobre isso e permaneço na minha linha de oposição no União Brasil. Entretanto, deixo claro que vou seguir sempre a liderança de Elmar.

Tribuna -  Como enxerga a situação dos municípios baianos hoje, sobretudo em relação à questão do FPM? De que forma o governo federal pode ajudar a minimizar o impacto de que os prefeitos têm reclamado?

Marcinho Oliveira -  Tenho acompanhado de perto essa situação. Estive com diversos prefeitos em Brasília, cobrando um posicionamento do governo federal, via ministérios, e do Congresso Nacional. O deputado federal Elmar Nascimento, que é líder do meu partido na Câmara e meu líder político, tem sido um parceiro incansável nessa luta e viabilizou, inclusive, a redução da alíquota patrimonial do INSS das prefeituras. É uma questão preocupante porque, com as seguidas quedas nas transferências do FPM, algumas prefeituras estão tendo dificuldade em honrar os compromissos com fornecedores e até salariais. E isso prejudica toda a economia de uma cidade, pois afeta outros setores, até mesmo o comércio, na medida em que a quantidade de dinheiro que circula é menor. Como deputado, tenho buscado insistentemente também intermediar a liberação de recursos para os municípios, e seguiremos pressionando a União e o governo da Bahia nas pautas municipalistas, como o aumento do FPM, a redução da alíquota do INSS patronal das prefeituras e a recomposição das perdas com o ICMS.


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