Nos últimos dias muito se tem falado sobre a possibilidade de se trazer uma usina nuclear para a nossa região, especificamente para o município de Paulo Afonso. Até o governador Jaques Wagner (PT) já admitiu publicamente que está lutando para trazer uma usina nuclear para a Bahia. Em Sergipe, o governador Marcelo Deda (PT) também quer, para o seu estado, a usina nuclear.
Não é a toa que os estados da Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco compraram a briga pelas usinas nucleares. O detalhe é que, quem for contemplado com uma das duas usinas nucleares que deverão ser instaladas na região Nordeste, estará recebendo um investimento estimado em R$ 13 bilhões. É quase três vezes o que se investiu na construção da Usina Hidroelétrica de Xingó.
As tão polemicas Usinas Nucleares já foram motivo de grande preocupação, principalmente após o acidente nuclear de Chernobil, ocorrido no ano 1986, na Ucrânia, antiga União Soviética. Nos dias atuais, com o avanço da tecnologia este tipo de energia é uma das mais limpas e seguras.
É preciso entender que quanto às questões ambientais e riscos de contaminação, todas as formas de produção de energia trazem algum prejuízo: a energia térmica emite poluentes para o ar pela queima de combustível fóssil; a energia hidráulica inunda áreas e desabriga famílias; a energia nuclear traz consigo o problema do lixo atômico: onde descartá-lo?
Na busca do desenvolvimento, tem que se pagar um preço. O que não concordo é provocarmos um impacto ambiental e social maior que os danos já causados sobre o ecossistema do rio são Francisco.
Também é preciso que fique claro que apesar da CHESF ter investido mais de R$ 50 bilhões nos últimos sessenta anos de exploração do potencial hidrelétrico do rio são Francisco, ainda existem alternativas de geração de energia hidráulica factíveis com menor investimento e impacto ambiental, a exemplo da usina de Paulo Afonso 5 e da Usina de Pão de Açúcar.
Vale ressaltar ainda que investir em um parque de geração de energia nuclear não vai significar desenvolvimento sustentável. Se assim o fosse, esta nossa região não teria ainda hoje, em pleno século XXI, índices vergonhosos de desenvolvimento humano, carências nas áreas da saúde, educação, segurança, transporte e onde, absurdamente, ainda falta de água para beber e para a produção em comunidades vizinhas das hidroelétricas ou da suas linhas de transmissão.
Desenvolvimento com Justiça Social.