Opinião

Paulo Afonso - Bahia - 09/11/2014

Espaço do leitor

DP
Ilustração

Decepção.  Resumo em uma palavra meu sentimento em relação aos Bombeiros de Paulo Afonso. Hoje por volta das 10:00 hs, em uma casa abandonada vizinha à que mora minha mãe (gloriosos 94 anos!) alguém por brincadeira ou maldade mesmo ateou fogo em uma pilha enorme de folhas secas, galhos de árvores mortas e entulho.  Logo, uma área de aproximadamente 40 m2 ficou em chamas, com labaredas que alcançavam os galhos das árvores ao redor que também  se incendiaram. Decidimos chamar os Bombeiros, antes que o fogo saísse de controle. Em vão. Ora chamava e não atendiam, ora estava ocupado. Avisado, o vizinho dono da casa chegou  e iniciamos o combate às chamas. Devido à baixa pressão da mangueira doméstica e ao calor dos materiais em combustão (inclusive pneus velhos), a pouca água logo evaporava e as chamas ameaçavam recomeçar. Tentamos mais uma vez e finalmente conseguimos completar a ligação para os Bombeiros. Relatamos o ocorrido, inclusive salientando que o problema maior era a densa e mal cheirosa fumaça que invadia nossa casa, afetando a respiração principalmente de minha mãe, e para nossa surpresa a atendente perguntou em que estágio estava o incêndio. Quando informamos que estava quase debelado,  precisando então de um forte jato de água para extinguir o chamado “fogo de monturo”,  que queima por baixo das cinzas e que estavam aparecendo diversos focos de chamas, fomos informados de que “os bombeiros não atendem a chamados apenas por fumaça. Isso significa que o fogo já se apagou”. Incrédulo, pedi que repetisse para poder gravar, e assim aconteceu. Agradeci e voltamos ao fogo. Após mais de duas horas, e um gasto aproximado de 2.000 litros de água, que passaram pelo hidrômetro, conseguimos , revolvendo o entulho com varas apagar completamente o fogo. Só restou o mau cheiro de lixo queimado. Torci muito para que o vento mudasse e desviasse a fumaça da minha casa para um prédio de apartamentos que há nos fundos, onde mora um soldado dos Bombeiros. Talvez se ele se sentisse incomodado seus colegas viessem cumprir o seu dever. Então fica assim: só devemos acionar os bombeiros enquanto as labaredas forem visíveis; só fumaça está fora do seu interesse, segundo a atendente.  Onde fica  o trabalho de rescaldo, que consiste exatamente em molhar o local para evitar que as chamas retornem?  Note que isso aconteceu a menos de 500 metros da sede dos bombeiros.  Quase diariamente, os caminhões de resgate ou pipa passam trombeteando suas sirenes, mesmo que não haja (e no local nunca há) trânsito que atrapalhe o deslocamento das viaturas; só causa incômodo aos pacientes internados do Nair pelo barulho infernal que fazem. Não sei se o fato foi falta de preparo da atendente ou simplesmente obedecia a orientação superior.  Não está aqui se contestando o abnegado trabalho dos “soldados do fogo” em salvar vidas, isso é inegável,  são inúmeros os atos de heroísmo

O que fica é a sensação de insegurança e decepção por precisarmos de ajuda e cairmos na realidade pela qual o que parece um grande problema para nós é irrelevante para eles.  Enquanto escrevo isso (16:00hs) a fumaça recomeçou. Vou ali desperdiçar mais água tratada.


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