Opinião

Paulo Afonso - Bahia - 06/11/2014

Vergonha Nacional

Luiz Aureliano de Carvalho Filho é médico e vereador pelo PT
Divulgação

Dr. Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco, quando houve há tempos atrás a ameaça de privatização da CHESF, escreveu que privatizar a CHESF equivaleria a privatizar o Rio São Francisco, o chamado rio da integração nacional, ou seja privatizar um rio e um patrimônio público, nacional, que pertence a todos os brasileiros e portanto seria impossivel e vergonhoso privatizá-lo. Equivaleria a privatizar o ar e a terra da região por onde anda o nosso Velho Chico, de Minas, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, ou seja, privatizar uma parte do Brasil. 

Porque tem coisas que são inalienáveis, que não tem preço, que não se mede, que não se quantifica, pois além do valor incalculável, tem o valor sentimental,histórico, imemorial, com suas histórias e lendas.

E ai me aparece uma reportagem do Bom Dia Brasil,da Rede Globo, mostrando a situação atual do São Francisco. Começa pelo nascimento, na Serra da Canastra em Minas, que secou completamente e ai vai mostrando o assoreamento das suas margens, o esvaziamento dos seus córregos e mananciais afluentes, a utilização irresponsável das suas águas, para iirigações privadas, para produção de energia, com barragens sucessivas pela CHESF e agora a interminável transposição que parece estar sendo a pá de cal no Velho Chico. Parece que tudo é feito sem planejamento, sem avaliação de custo-beneficio, parece que tudo é feito só pensando no lucro imediato, com os politicos e os governos que se sucedem no Brasil sendo incapazes de pensar no médio e longo prazo; só pensando no retorno eleitoral imediato.

O Rio Pajeú por exemplo, na tentativa de perenizá-lo, construiram barragens sucessivas(Brotas, Jazido, Serrinha) e há mais de vinte anos não se perenizou o Pajeú, não se fez nenhum projeto de irrigação, como a CODEVASF fez em Petrolina , só beneficiou os grandes proprietários que ficaram com água perene nas suas fazendas na beira do rio e ainda por cima praticamente deixou de ser afluente do São Francisco e ai constroem uma adutora do Sertão, trazendo de volta água do São Francisco para abastecer de água para consumo humano o sertão do Pajeú; quanto paradoxo e falta de integração dos projetos que já existem com os novos projetos, que parecem que são feitos só para o governo de plantão conquistar votos, sem contar os famosos super-faturamentos das obras para propina que alimenta a corrupção desenfreada no nosso país(basta ver o noticiário da imprensa).

Quando se fala em desenvolvimento sustentável(Marina Silva) e muita gente não compreende ou se faz de desentendido, é exatamente isto que está se querendo dizer; não podemos estar construindo obras de qualquer espécie, agredindo a natureza, desmatando a floresta amazônica(já se foram 25%) e ai é 25% a menos de chuva no sudeste da água que evapora destas plantas retiradas, explorando o petróleo do pre-sal em águas profundas do mar, mexendo e destruindo a fauna e a flora marinha, que é fonte de vida para nós humanos, esquecendo que nós temos no Brasil o Programa do Bio-Diesel e do álcool, renováveis, mas não, o mais importante são os lucros fabulosos do pre-sal, que vamos pagar mais caro no futuro, talvez inviabilizando a vida humana nas planicies, quem sabe daqui a cem anos teremos que subir as montanhas, por conta do aumento da temperatura terrestre. E o pior de tudo, é que a gente sabe que 90% dos lucros ficam com os mesmos(1% da população), os ricos e milionários. Lamentável que a população brasileira não perceba isto. Por cima de tudo isto, temos a poluição do ar nos grandes centros urbanos, produzida pelo gás carbônico(automóveis, fábricas, etc..).

Temos que romper com este modelo de desenvolvimento injusto, desumano, poluidor, corrupto, atrasado, capitalista predador, que só favorece uns poucos e construir um novo modelo que não agrida a natureza, que respeito os rios, mares e florestas, com seus fluxos naturais, porque senão daqui um tempo esta bola que chamamos de Terra irá explodir, numa grande bola de fogo; já não é mais uma profecia, são dados objetivos e concretos, que Inácio de Loiola, num livro profético há uns trinta anos atrás chamou de: Não verás país nenhum.

Fiquei e estou assustado com a terra que estamos deixando para os nossos descendentes.Salvemos o Velho Chico e o nosso Brasil!


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