Faleceu nessa quinta-feira (29) no município de Floresta (PE) aos 101 anos de idade o ex- soldado de Volante Manoel Cavalcanti de Souza, O “Neco de Pautilia”. Casado com Maria Ribeiro dos Anjos durante 79 anos, deixa 14 filhos, 52 netos, 44 bisnetos e um tetraneto.
Neco em uma de suas ultimas entrevista disse de maneira paradoxal que, se o tempo retroagisse, ele não teria ingressado na volante, a polícia da época na década de 30. “Afinal, Lampião nunca me fez mal. Era um homem bom. Ruim era a polícia que açoitava os coiteiros.” Antes de ingressar nas volantes, foi almocreve (espécie de vendedor ambulante) no Sertão, para esquecer um amor que as famílias não queriam.
Veio então a Revolução de 30 (movimento armado que facilitou a chegada de Getúlio Vargas ao poder) e os nazarenos (moradores do distrito de Nazaré do Pico, Floresta) não participaram. Neco resolveu juntar-se ao grupo de conterrâneos para formar uma das frentes de combate a Virgulino Ferreira “o Lampião”, estimuladas pelo governo.
Resolveu abandonar as volantes e sem receber o dinheiro prometido, $2 contos. Levou apenas $500 mil réis mais a passagem de volta. Deixando a vida militar e de volta ao aconchego, Neco foi barbeiro, alfaiate, sapateiro, até tornar-se funcionário público da Suvale, hoje Codevasf.
Aposentado, levou a vida remoendo o passado ao lado de sua grande paixão: Mariquinha, que conheceu aos 13 anos de idade numa escola da zona rural de Floresta. Antes do primeiro encontro, Neco leu o nome dela escrito no quadro de uma sala de aula – Maria Ribeiro dos Anjos. Achou bonito aquele nome e escreveu por cima o seu com uma bala de rifle. Pronto! Os destinos estavam selados. Casou com Mariquinha um ano depois. O casal deixou um prole invejável de 110 descendentes. Como nos contos de fadas, Neco e Mariquinha foram felizes por 80 anos