Política

Paulo Afonso - Bahia - 28/05/2014

Demitido de ministério, Negromonte é indicado para tribunal de contas na BA

Josias de Souza
Foto Wilson Dias

Afastado por Dilma Rousseff do Ministério das Cidades em fevereiro de 2012, sob suspeita de irregularidades, o deputado federal Mário Negromonte (PP-BA) desistiu de disputar a reeleição. Mas planeja se manter numa folha pública. O governador baiano Jaques Wagner (PT) indicou-o para o posto de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia. O cargo é vitalício e o salário equivale ao de desembargador. Coisa de R$ 26,5 mil.

Tudo caminha em ritmo de toque de caixa. A indicação de Negromonte foi enviada à Assembleia Legislativa há uma semana. Com a velocidade de um raio, nomeou-se como relator o deputado estadual Aderbal Caldas. Filiado ao PP de Negromonte, o parlamentar apressou-se em produzir um parecer atestando a legalidade da indicação do correligionário.

Sem delongas, programou-se para ontem (27), uma sabatina de Negromonte na Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia baiana. Aprovado ali, o nome foi submetido à apreciação do plenário da Casa. Algo que os aliados do governador petista, em franca maioria, tramam fazer 24 horas depois, nesta quarta (28).
Por mal dos pecados, Negromonte foi abalroado no final de semana por uma notícia desagradável. A revista Veja obteve os registros de entrada no prédio onde funcionava o escritório do doleiro preso Alberto Youssef, em São Paulo. A lista de visitantes inclui cabeças coroadas do Congresso. Entre elas a de Negromonte. Que era identificado na planilha apenas pelos três primeiros nomes: ‘Mário Silvio Mendes’ -sem o Negromonte, seu sobrenome mais conhecido.
Ouvido, o ex-ministro de Dilma disse que não mantinha relações com Yossef. Por uma dessas infelizes coincidências, um de seus irmãos trabalhava no escritório do doleiro. Por outra triste casualidade, o PP de Negromonte patrocinara, sob Lula, a nomeação para a diretoria de Abastecimento da Petrobras de Paulo Roberto Costa, encrencado junto com Youssef na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Se o Brasil fosse um país lógico, o governador petista da Bahia e seus aliados na Assembleia contariam até 100 mil antes de transformar Negromonte em fiscal das contas municipais. No mínimo aguardariam até a conclusão da operação da PF. Em vez disso, optaram por agir duas vezes(indicação e aprovação) antes de pensar.


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