Política

Paulo Afonso<> Bahia - 19/04/2014

Jesus Prisco: mártir dos grevistas preso, se projeta e caminha firme para a Assembléia

Cida Alves (Salvador).
Divulgação Ag. A Tarde/Folhapress)
O presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares (Aspra), Marco Prisco, fo
O presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares (Aspra), Marco Prisco, fo

Durante os dez dias de ocupação da Assembleia Legislativa da Bahia pelos policiais militares em greve, um nome era recorrente nas conversas das pessoas que aguardavam o desfecho da situação do lado de fora: Jesus Prisco. Assim se referiam ao ex-soldado do Corpo de Bombeiros Marco Prisco Caldas do Nascimento, de 42 anos, preso após a desocupação do prédio na última quinta-feira. No centro das atenções por liderar a paralisação dos PMs, a figura de Prisco inspira tantas controvérsias quanto o referencial bíblico que motivou seu apelido. Para os grevistas, é um mártir. Para a imprensa baiana, é o responsável por promover o terror no estado. E para o governador Jaques Wagner, um ex-aliado que se tornou uma verdadeira dor-de-cabeça.

Nascido em uma família numerosa na cidade de Catu, interior da Bahia, Prisco se mudou a Salvador para servir o Exército. Decidiu que não seguiria carreira militar por não se sentir bem com o regime do Exército. Optou então pela Polícia Militar e entrou para o Salvar, um dos grupamentos do Corpo de Bombeiros, no final da década de 1990.

Fidelidade partidária não parece ser um traço forte na personalidade de Prisco. Hoje filiado ao PSDB, nas últimas eleições foi candidato a deputado estadual pelo PTC. Há quem veja na militância do ex-soldado uma tentativa de se projetar na política e se unir ao grupo evangélico ou de policiais que atuam no legislativo. A quantidade de políticos que se meteram no meio do movimento justifica essa suspeita. Mas, para os policiais grevistas, Prico é um líder natural, consequência de sua persistência na militância.

"O líder Marco Prisco foi criado pelos próprios governos que o perseguiram e prenderam, e mesmo assim ele não desistiu. Isso fortaleceu a figura dele e do próprio movimento", afirma o soldado Ivan Carlos Leite, atual porta-voz dos grevistas da Bahia.

Preso no Complexo Penitenciário do estado, Prisco aguarda, fora dos holofotes e longe da tropa, que seus advogados apresentem um pedido de habeas corpus na semana que vem. Mesmo que os grevistas neguem, o movimento perdeu força com a saída de cena do seu principal líder. Já o que Prisco perderá ou ganhará com o desfecho da paralisação vai depender do desfecho do movimento e das consequências dele para a Bahia.


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