Na metade do século XX era comum que, nas cidades do interior, fossem criados os chamados Serviços de Alto- Falantes que se limitavam à instalação de equipamentos de som em vários postes espalhados por toda a cidade que funcionavam como emissoras de rádios, divulgando músicas, notícias, comerciais e anúncios diversos.
Na época utilizavam equipamentos em forma de cornetas que emitiam som ainda com bastante ruídos mas que satisfaziam à população, pois não se conhecia nada melhor.
Os precários alto-falantes eram comandados a partir de um rudimentar "estúdio" de onde os locutores - escolhidos entre as pessoas que tinham uma boa voz e melhor dicção - transmitiam programas diários que basicamente eram feitos com músicas populares, anúncios comerciais e mensagens sociais, geralmente sobre aniversários, casamentos e sepultamentos, sempre com um fundo musical adequado à notícia que estava sendo divulgada.
A cidade de Paulo Afonso, a capital da energia, não poderia pois, deixar de possuir, também, o seu serviço de alto-falantes. E assim, o primeiro empreendimento recebeu o nome sugestivo de Serviço de Alto falantes Mira Mar. Pouco tempo depois surge o serviço de alto-falantes Butijinha, ambos instalados caprichosamente na Avenida Getúlio Vargas.
Os serviços de alto-falantes funcionaram durante muitos anos divertindo e servindo à população já que eram poucos os pauloafonsinos que podiam comprar um rádio e terem o privilégio de sintonizar as emissoras situadas nas capitais. Foram os alto-falantes Mira Mar, Butijinha e a Voz do Povo que divulgaram para os jovens daquela época a música e a voz dos famosos cantores como Ângela Maria, Nelson Gonçalves, Luiz Gonzaga, Cauby Peixoto, Ivon Cury, e outros contemporâneos permitindo que a juventude pudesse cantar as canções divulgadas pelos auto-falantes espalhados em muitos postes por toda a cidade. Desde os primórdios que a disputa pela audiência existiu. Assim o proprietário do Mira Mar mandou afixar três cornetas (bocas de auto-falantes ) em um poste de aproximadamente 6 metros na chamada rua da frente. Assim o locutor do Mira Mar ao entrar no ar impostava a voz e dizia: " Nesse instante vai para o serviço de auto-falantes Mira Mar falando mais alto para Paulo Afonso".
Para não ficar por baixo, assim que o Mira Mar saia do ar, entrava automaticamente o prefixo do serviço de auto falantes Butijinha que não perdeu tempo e rebateu a provocação do concorrente: "Nesse momento entra nos céus de Paulo Afonso o serviço de auto falantes Butijinha, "que só não fala mais alto falta de um pau maior". A frase provocou risos...Esta é apenas uma das tantas e divertidas tiradas do saudoso Gilberto Leal que por muitos e muitos anos foi locutor do serviço de Alto falantes a Voz do Povo fixo e depois volante, prestando serviço ao amigo Alonso Maciel Ferreira. "Alonso da Pesqueira" morreu aos 75 anos vitimado por um enfarte em 16 de junho de 2008.