A saúde é um direito de todos e um dever do Estado – Constituição Federal Brasileira – Art. 196.
Só que saúde é um conceito muito complexo, que envolve não só o combate as doenças, como também envolve moradia, água tratada, saneamento básico, trabalho e renda, lazer, cultura, educação, relações sociais e afetivas equilibradas, etc...
Então, para se conquistar saúde na sua plenitude é necessário políticas públicas, que invistam nestas áreas todas que envolvem a saúde e infelizmente no Brasil isto não é feito.
Temos ainda milhares de brasileiros sem direito a moradia digna, sem acesso a água tratada, sem saneamento básico, sem trabalho, sem renda, sem educação que preste (70% da população brasileira é analfabeta funcional); enfim, é um quadro desolador!
Temos no Brasil ainda doenças do atraso, dengue, malária, infecções intestinais, etc... e doenças da modernidade, as chamadas doenças crônico-degenerativas (câncer, diabetes, cárdio-vasculares, etc...), configurando um quadro de transição epidemiológica, que só vai se resolver quando o Estado Brasileiro, fizer os investimentos necessários em todas estas áreas já citadas acima.
O investimento público na saúde no Brasil, representa 466 dólares per capita/ano, o que significa apenas 10% (dez por cento mesmo), do investimento dos países do primeiro mundo, como também só representa 45% do investimento em saúde, sendo os outros 55% representados pela iniciativa privada.
No Canadá, na Inglaterra, o investimento público em saúde, representa 90% do que se emprega na área. Quer dizer, não dá pra fazer saúde com qualidade com recursos tão parcos, como no nosso país.
E ainda temos outro problema sério, que é o problema da gestão em saúde, que na maioria dos casos, nas Prefeituras, Governos Estaduais e até no Governo Federal, é feito por gente desqualificada, que não entende nada de saúde, não sabe definir prioridades, não domina conceitos básicos da saúde, não entende de epidemiologia, de determinação social das doenças, etc...
São pessoas que são apaniguadas dos Prefeitos, Governadores, Ministros, etc... e não tem a menor qualificação para gerenciar nada, nem na saúde e nem em outras áreas, mas como são apadrinhados, como são moleques de recado do governante de plantão, ocupam cargos sem estarem preparados para tal e ai o dinheiro público some pelo ralo, aplicado naquilo que muitas vezes não é prioridade.
Para completar o quadro de dificuldades, muitos deles são corruptos, entram na máquina pública para enriquecer a si e aos seus padrinhos políticos, para financiar campanhas eleitorais, etc... lamentável e vergonhoso!
Na Inglaterra, por exemplo, quando muda o governo, mudam apenas 106 cargos de confiança, a máquina pública é profissionalizada, está a serviço do Estado, não do Governo.
No Brasil, só no Governo Federal são mais de 22 mil cargos comissionados, fora os Governos Estaduais e Municipais; não há máquina pública que funcione bem deste jeito, haja corrupção e ineficiência.
O Brasil é o único país com mais de 100 milhões de habitantes do planeta, que criou um sistema público de saúde universal e integral, ou seja, fazer tudo para todos.Com o baixo investimento que temos, com a má gestão e a corrupção que campeia é impossível conseguirmos isto.
Precisamos um novo pacto federativo, com uma nova distribuição dos impostos arrecadados, com a redefinição dos papéis dos entes federados, uma reforma política urgente, com voto distrital misto, por exemplo e a profissionalização do serviço público e ai sim poderemos ter saúde para todos, de forma integral e equânime, com direito de cidadania.