Como as coisas na Bahia só acontecem depois do carnaval, ninguém se espante com o presumível anúncio em rede de televisão de que o SUS esteja pretendendo implantar na Bahia a cirurgia de mudança de sexo. Nada contra quem quer mudar de gênero e se sente descontente com uma parte do corpo que não lhe agrada. Num estado onde se morre de dengue, diarréia é até de gripe trazer para os hospitais uma cirurgia cara e complexa como essa é como se diz do popular: é calça de veludo e bunda de fora. Aqui mesmo em Paulo Afonso quase que diariamente emissoras de rádio, jornais e sites mostram as dificuldades que nossos hospitais enfrentam. Em alguns casos, cirurgias consideradas simples não são realizadas nos nossos centros, devido à falta de profissionais, tendo o paciente que ser removido para a capital ou outros centros, as vezes até para Arapiraca (AL), pasmem!.
A medicina pública deve estar voltada para as necessidades maiores e só quando essas forem preenchidas, partir para as exceções.
A novidade para mudança de genero, certamente atraírá imensas filas, aqui, alí e alhures. Mas existe uma fila bem maior de pessoas esperando um rim, um fígado, um coração sem que o SUS disponibilize recursos para isso. O que é mais importante? Tratar da dengue que mata e é barata para combater, ou trazer cirurgias requintadas que vão atender menos de um décimo da população. Em qualquer um dos casos, trazer cirurgias eletivas como a de mudança de sexo é um contrassenso para quem não consegue nem tratar de uma diarreia.