De 4 em 4 anos a gente acorda cedo, coloca a bermuda e vai enfrentar a fila para votar. Por mais desiludidos que estejamos com a classe política nesse país, levamos um pouco de esperança junto com nosso voto. Apesar de Collor, Dirceu, Genoíno e de Lula, ainda guardamos uma ponta de otimismo que nos faz ir a urna para mudar qualquer coisa, para encontrar um novo rumo para essa terra tão abençoada pelos deuses e tão maltratada pelos homens.
Viver num país onde ter a ficha limpa é mérito é um tanto quanto humilhante. Honestidade pode até ser uma virtude, mas é também uma obrigação de todo gestor que lida com a coisa pública. Num país de impostos excessivos onde se trabalha quatro meses para pagar ao governo, é inconcebível que um níquel desse suado dinheiro acabe virando patrocinador de fortunas. Mas essa é a realidade com que convivemos num país onde os políticos pobres são exceção e onde o dinheiro dificilmente tem origem.
Hoje é mais um desses dias no longo rosário de esperanças que faz nossa vida. Acertaremos dessa vez? Duvido. Votamos mal, escolhemos mal e no fim ainda não admitimos que tudo isso que aí está, está com nosso beneplácito, nossa aprovação nas urnas, nosso consentimento. Lutamos tanto pela democracia e depois tivemos a desilusão de ver que ela não nos purgava dos nossos erros nem tinha o dom de modificar nossos destinos.