Economia

Paulo Afonso - Bahia - 17/06/2024

Silêncio nas Alturas

Por: Itaíbes Paiva
Divulgação

A vida em Paulo Afonso, que já não é lá um grande espetáculo, parece que vai ficar ainda mais isolada. O anúncio de que os voos serão suspensos a partir de julho caiu como uma nuvem pesada sobre os habitantes da cidade. Era o último resquício de esperança de que nossa cidade pudesse se conectar com o resto do país de uma forma mais rápida e prática.

Mas, como em tantas outras vezes, o silêncio das autoridades ecoa mais alto do que os motores dos aviões que já não virão. 

Aeroporto vazio, terminal silencioso. A imagem que se forma na mente é de um lugar que, de tanto ser esquecido, acabou se tornando apenas um ponto no mapa, um pouso eventual para poucas aeronaves e menos ainda passageiros. O que era para ser uma porta de entrada e saída para o progresso, parece que se transformará em mais um monumento à negligência.

Nos corredores das repartições públicas, o murmúrio é sempre o mesmo. "Estamos buscando soluções", dizem. Mas as soluções nunca vêm. A omissão se disfarça de burocracia, e as palavras se perdem em promessas que não decolam. Os políticos que se dizem nossos representantes parecem estar sempre ocupados demais para se lembrar de onde vieram, ou para onde deveriam nos levar.

E assim, Paulo Afonso vai se conformando com o voo baixo da realidade. As promessas de melhoria do turismo, o desenvolvimento econômico, tudo isso fica preso no chão, como se as asas tivessem sido cortadas antes mesmo de tentar alçar voo. O silêncio das autoridades é ensurdecedor, uma ausência de resposta que ressoa em cada esquina da cidade.

A vida segue, é claro. Mas segue mais lenta, mais limitada. E cada vez que olhamos para o céu, não podemos deixar de pensar nos aviões que não vêm mais, nas oportunidades que passam longe, nas soluções que nunca aterrissam.

Sem voos, sem voz. A cidade de Paulo Afonso, mais uma vez, sente o peso da omissão daqueles que deveriam lutar pelo seu desenvolvimento. E nós, seus habitantes, ficamos aqui, esperando que, um dia, alguém escute nosso silêncio e decida agir. Até lá, seguimos sonhando com o dia em que nossa cidade, enfim, possa decolar.


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