Quem conheceu Paulo Afonso oito anos atrás e hoje volta a essa cidade baiana, se surpreende com a quantidade alarmante de pessoas mendigando, vendendo bombons ou tomando conta de carros nas ruas. O triste cenário reflete a falta de compromisso dos agentes públicos com a camada da população que vive em situação de extrema pobreza.
Mas nem sempre foi assim. De 2009 até 2016, a cidade viveu um período de ações sociais que criaram um leque de programas para beneficiar todas as faixas etárias dos chamados grupos economicamente vulneráveis. Para que a rede socioassistencial pudesse alcançar mais pessoas, foram criados mais três Centros de Referência em Assistência Social. Os Cras dos bairros Barroca, Centenário e Prainha, somados aos do BTN II e III totalizaram cinco unidades que assumiram a tarefa de socializar pessoas, reintegrar idosos, educar crianças e adolescentes e, acima de tudo, respeitar as diferenças.
Mas há quem considere como destaque desse período de grandes realizações, o Programa Paulo Afonso Cidadania, lançado em 2011. A brilhante idéia da então secretária de Desenvolvimento Social, Ana Clara Moreira substituiu o Auxílio Alimentação, que distribuía cestas básicas a cada 60 dias, porém, muitas vezes a entrega sofreu atrasos, devido aos trâmites obrigatórios dos processos licitatórios.
O programa municipal de transferência e renda, iniciativa pioneira na cidade, tinha como finalidade primordial reduzir as disparidades sociais, garantindo mais qualidade de vida, sobretudo para as pessoas menos favorecidas financeiramente. Outro benefício do projeto foi o aquecimento do movimento do comércio, com a circulação de mais dinheiro. A partir daquela data, cinco mil famílias beneficiárias receberam um cartão magnético, com a titularidade preferencialmente das mulheres, e passaram a sacar mensalmente na Caixa Econômica, o valor correspondente a uma cesta básica e meia, para ser usado de acordo com a necessidade de cada família.
Atualmente não se sabe qual o número de famílias incluídas no programa, nem o valor pago, mas a ex-titular da Sedes, Ana Clara Moreira lembra os benefícios que ele trouxe, além do dinheiro depositado, proveniente de recursos do Município.
“Além de possibilitar a compra de produtos essenciais para alimentação, nossa equipe, com a aprovação da Gestão Municipal daquele período, disponibilizou cursos de capacitação para membros das famílias beneficiárias, visando à formação profissional e à geração de trabalho e renda. A meta era assegurar instrumentos que proporcionassem o rompimento com o círculo de reprodução da pobreza, garantindo a permanência das crianças e adolescentes na escola e um melhor desempenho no aprendizado, além de reduzir o número de crianças vítimas do trabalho infantil e melhorar a qualidade da alimentação das famílias”, recorda.