Não é mais segredo para ninguém a revoada de vereadores da base governista, assim como também é notória a insatisfação dos desertores com o tratamento diferenciado que o prefeito em exercício, Marcondes Francisco dedica entre os aliados veteranos e os novatos.
Os exemplos mais recentes são Paulo Tatu (Progressistas) e Keko do Benone (Avante). Os dois ex-componentes da bancada da situação resolveram chutar o balde e investigar a enxurrada de denúncias de descaso do Governo Municipal nas unidades de saúde dos bairros e comunidades rurais.
Depois que Paulo Tatu visitou a ESF do bairro Jardim Bahia e denunciou a falta de medicamentos básicos e equipamentos quebrados, Keko tomou coragem. Em discurso pra lá de inflamado na tribuna da Câmara, na sessão do dia 11/12, o representante do bairro Benone Rezende não só anunciou oficialmente sua saída da bancada da situação, mas apresentou todos os motivos que o levaram a tomar a decisão.
O vereador que está em seu 1º mandato, disparou a metralhadora de acusações à gestão do prefeito Marcondes Francisco (PSD) e disse ter se tornado alvo de retaliações por parte do atual prefeito, após uma série de denúncias de irregularidades encontradas na área rural do Município.
“Depois que eu comecei a fiscalizar, percebi que estava incomodando, principalmente a partir de uma visita que eu fiz ao posto médico do povoado Xingozinho. Eu fui lá para verificar uma denúncia dos moradores, de que estava faltando medicamentos e comprovei que era verdade, e ainda encontrei uma caixa cheia de requisições de exames de pacientes que aguardavam para passar pelo médico. Como representante do povo, meu dever é fiscalizar e cobrar uma melhor qualidade de vida para esse povo, mas depois disso, comecei a receber retaliações e até funcionários indicados por mim foram demitidos”, disse.
Keko foi eleito com apoio do prefeito Luiz de Deus, mas diz que com o afastamento do líder para cuidar da saúde, o gestor interino passou a tratá-lo com diferença em relação aos demais componentes da bancada aliada.
“Pela sua experiência como vereador de vários mandatos, eu esperava que ele desse mais atenção à bancada governista. Mas o que ele quer é que os vereadores vejam os erros e fiquem calados, e eu não fui eleito para isso, não é essa forma de política que eu quero para Paulo Afonso. Infelizmente, hoje na Prefeitura existem dois grupos: o de Luiz de Deus e o de Marcondes, formado por três vereadores”, afirma.
O vereador ressalta que antes de tomar a decisão comunicou ao prefeito Luiz de Deus, que lamentou a situação, porém sua estrutura física não o permite retomar o controle da cidade. Segundo ele, o prefeito chegou a chorar, mas lamenta não conseguir fazer mais nada pela cidade que o elegeu.
“Com o afastamento de Luiz de Deus, infelizmente nossa cidade está tomando outro rumo, e eu, como vereador eleito para representar a população, não posso deixar de lutar junto às pessoas que confiaram em mim”, conclui.