Em 15 de março de 1948 foi criada oficialmente a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), com a missão de aproveitar o potencial das quedas d'água do Rio São Francisco, na divisa de Alagoas e Bahia, para produção de energia elétrica.
Mas, a ideia de gerar eletricidade a partir de grandes rotores impulsionados pela força da Cachoeira de Paulo Afonso já era realidade desde 1913.
O industrial cearense Delmiro Augusto da Cruz Gouveia já utilizava uma pequena usina, montada na margem alagoana do rio, para movimentar sua fábrica de linhas situada no povoado de Pedra, no município alagoano de Água Branca. A localidade seria emancipada em 1954, dando origem à atual cidade de Delmiro Gouveia, em homenagem ao seu desbravador.
Trinta anos depois da instalação da pequena Usina Angiquinho, o pernambucano Apolônio Sales, engenheiro agrônomo e então ministro da Agricultura do Governo Getúlio Vargas propôs a criação da Chesf. O projeto, além do aproveitamento das águas do Velho Chico para geração de energia, previa o fomento da produção agrícola irrigada e da navegação.
Finalmente, em 03 de outubro de 1945, Getúlio Vargas assinou o Decreto-Lei n° 8. 031, autorizando o Ministério da Agricultura a criar a Companhia Hidroelétrica do São Francisco. Mas, dias depois, a disposição de Vargas desacelerou o processo, o que não impediu a realização do sonho dos nordestinos, que, embora com atraso, ocorreu em 1948.
Passados 75 anos, ainda são muitas as queixas de que a Chesf não tem cumprido à risca o compromisso social com os municípios-sedes de suas barragens e hidrelétricas.
Entre Sobradinho (BA) e Piranhas (AL), o complexo é formado oito usinas. Mas também seria injusto não considerar os benefícios que vieram com o enchimento dos grandes lagos. A produção de pescados nas cidades ribeirinhas, por exemplo, é considerada a maior da região. Famílias que vivem nas margens dos lagos sobrevivem dessa atividade. O município de Rodelas (Norte da Bahia), um dos relocados em virtude do enchimento do lago de Itaparica, é o maior produtor de coco na região.
A cidade de Paulo Afonso-BA (486 km de Salvador), é tida como o centro comercial da microrregião. Sua estrutura dotada de grandes lojas, magazines, hipermercados, agências bancárias, feiras livres e concessionárias de automóveis movimenta diariamente um volume de negócios que envolve a população local e dos municípios circunvizinhos.
Entre acusadores e defensores, muitos afirmam que a Chesf é a principal fonte de recursos que abastece os cofres da Prefeitura do município de mais de cem mil habitantes. Economistas anônimos garantem que o dinheiro arrecadado pelos royalties e ICMS, tributos referentes às terras inundadas e à venda de energia, financia uma fatia considerável das despesas mensais.
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