Política

Paulo Afonso - Bahia - 24/06/2022

Com horários reduzidos e onibus desgastados, usuários do transporte coletivo de Paulo Afonso são prejudicados

Por Washington Luís
Foto: Divulgação

Moradores de localidades mais distantes da chamada de ‘Ilha de Paulo Afonso’ se sentem lesados pela empresa Atlântico, responsável pelo atendimento às linhas de ônibus que ligam mais de 20 bairros ao centro da cidade. 

A concessionária, vencedora da licitação realizada pela Prefeitura da cidade em 2017, iniciou suas atividades em 25 de novembro daquele ano, com a obrigação contratual de disponibilizar ônibus novos, com duas portas e elevadores para embarque e desembarque de passageiros com deficiência física.

O cartão eletrônico marcou uma nova era da mobilidade, trazendo maior comodidade para o usuário. A nova frota de transporte público no município foi recebida como a melhor novidade do ano, significando o fim de quatro décadas de total desrespeito aos usuários. Mas, como diz o velho ditado: ‘alegria de pobre dura pouco’, e a pandemia de Covid-19 causou a suspensão de 90% das atividades comerciais, e a consequente redução do número de ônibus circulando.

Com grande parte dos destinos suspensos, a população ficou impossibilitada de se locomover, ainda que fosse para resolver questões essenciais.

O que não se explica é que, mesmo com a retomada das atividades, o serviço de transporte urbano ainda não foi normalizado. E a Prefeitura que deveria fiscalizar a prestação do serviço, parece fechar os olhos, como se não devesse satisfação à sociedade que paga impostos e precisa se manter trabalhando para honrar seus compromissos.

Os bairros BTN I, Prainha e Siriema até hoje não tiveram suas linhas restabelecidas, mesmo com a retomada das atividades. No Centenário, Senhor do Bonfim, Tropical e Sal Torrado, onde há mais de quatro décadas, os moradores estavam acostumados com transporte regular de 30 em 30 minutos, agora são obrigados se contentar com apenas cinco viagens por dia, e as reclamações, inevitavelmente recaem sobre o representante das comunidades. Lilaércio Galdino, presidente da Associação de Moradores, reforça que já conversou com a direção da Atlântico, na tentativa de amenizar a situação, mas até o momento não obteve resposta.

“Há oito meses, eu procurei a gerência da empresa e propus um acordo para aumentar o número de viagens, colocando mais dois horários de manhã e dois à tarde, e me comprometi a divulgar a alteração, através das mídias. Infelizmente o acordo não foi cumprido e o povo continua insatisfeito e cobrando uma resposta”, diz.

O presidente reforça que a insatisfação maior é das pessoas que trabalham no centro, visto que os horários dos ônibus não condizem com o início e o fim da jornada de trabalho. Com isso, muitos vão a pé ou usam mototaxi, mesmo pagando mais caro, para não perder o emprego.

“Os horários dos ônibus hoje não atendem à necessidade dos moradores, em comparação ao número de viagens que era feito antes da pandemia, atualmente, o Centenário e os bairros vizinhos estão praticamente desprovidos de transporte público que supra a demanda.

Quem trabalha no centro é mais prejudicado, porque, como os horários não coincidem com o início do expediente, a maioria das pessoas tem que pegar mototaxi, pagando quase o dobro da tarifa do ônibus, e isso significa aumento na despesa de quem já ganha pouco”, observa.

E assim, já se passaram cinco anos do início das atividades da Atlântico, e as promessas não foram cumpridas, os ônibus novos foram trocados por veículos desgastados, o tempo de espera nos pontos aumentou e não há nenhuma justificativa da Atlântico nem da Prefeitura. Segundo Lilaércio, a empresa alega queda na demanda de passageiros, devido à pandemia, mas os usuários não aceitam, porque as atividades já voltaram ao normal e o transporte continua deficiente.

Vale lembrar que, em plena pandemia, quando muitos trabalhadores ficaram desempregados, a Prefeitura autorizou um aumento na tarifa que pulou de R$ 3 para R$ 4 reais.


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