Comerciantes e moradores do maior bairro de Paulo Afonso sugerem medidas urgentes para conter a onda de violência que cresce assustadoramente, fugindo do controle da polícia.
O aumento absurdo de ocorrências policiais nos últimos meses, cujos envolvidos, em mais de 50% dos casos são moradores dos Bairros Tancredo Neves 1, 2 e 3 e adjacências, motivou a realização de uma reunião entre comerciantes, moradores destes bairros, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e alguns Vereadores, na noite da última quinta feira (11) no auditório do CESC LER, onde durante três intermináveis horas, representantes do 20º Batalhão da Polícia Militar tentaram de todas as formas dar explicações sobre a visível deficiência na segurança pública da cidade, assunto que na realidade deveria ser tratado diretamente com a Secretaria Estadual de Segurança Pública, que na opinião de muitos cidadãos, nos últimos quatro anos parece ter esquecido da existência de um, entre os 417 municípios baianos, chamado Paulo Afonso, diga - se de passagem, um dos mais importantes centros comerciais da Região do Vale do São Francisco, por se localizar na fronteira entre Alagoas, Sergipe e Pernambuco.
Logo no início do encontro, classificado por alguns participantes como "cansativo e improdutivo", o policial rodoviário federal Vasconcelos - morador do Bairro - fez um balanço dos registros policiais nos últimos 90 dias, destacando a desproporcionalidade entre o número de registros e as detenções, como nos casos de apreensão de drogas, onde das 50 ocorrências registradas apenas oito pessoas foram detidas. Outro absurdo narrado pelo policial, que é natural de Salvador e há cinco anos escolheu Paulo Afonso para morar, encantado pala beleza da cidade, foi o número de assaltos: de acordo com suas anotações, dos 65 casos registrados na Delegacia da Polícia Civil, o número de prisões não passou de oito, entre outras disparidades que estarreceram a platéia, até então alheia à gravidade do problema alvo da discussão.
Sabatinado pelos participantes, o Tenente Coronel Antônio Santana do Rosário, que se despede do comando do 20º BPM na próxima terça feira (16), passando o cargo para o colega de patente, Carlos Alberto Neves da Silva se queixou da falta de condições de trabalho para atender satisfatoriamente a população, como: número reduzido de policiais, falta de viaturas e até os cenários que segundo ele propiciam a prática do crime, como ruas escuras e terrenos baldios, que servem de esconderijo para marginais, bem como as Leis vigentes, que não permitem punição para menores infratores, o que dá a eles liberdade para praticar crimes, diante da sensação de impunidade.
No final da reunião, por volta das 23h00, o comandante garantiu que em breve a Companhia de Polícia Militar do BTN receberá três veículos usados e reformados: uma camioneta D - 20 e duas motocicletas, que segundo ele ajudarão a inibir a ação dos bandidos realizando rondas periódicas sugeridas pelos moradores, em todos os bairros do complexo.