No início de sua história na região de Paulo Afonso a CHESF ficou conhecida por duas características antagônicas: a criação do parque hidrelétrico que mudaria de vez a região atraindo investimentos/desenvolvimento e a segregação social. Sim, para a empresa um Apartheid era a melhor maneira de estruturar a sua sociedade, dividindo as pessoas em cidadãos de primeira, segunda e terceira classe e ferindo a base da Constituição que assegura “Igualdade entre todos os Brasileiros”. Sim, a empresa demonstrou toda a sua afinidade e vocação discriminatória quando ergueu o “Muro da Vergonha” que separava as pessoas “castas” e deixava claro como seria dali por diante. Benesses a uns e miséria aos demais.
Com o passar dos anos e o crescimento dos movimentos sociais a empresa passou, ainda que timidamente, a fazer ações de responsabilidade social e abrandou um pouco essa imagem discriminatória.
Passados alguns anos vemos novamente a CHESF demonstrar toda a truculência das suas origens, abandonou o HNAS, a manutenção das áreas públicas e agora retoma a sua mais vergonhosa marca, a construção de muros causando desigualdade, desemprego e impedindo o direito de ir e vir dos cidadãos sob a justificativa de Segurança das Barragens. Ora, se existem riscos porque a empresa não reuniu a sociedade civil e apresentou os estudos que demonstram o problema? Não buscou audiências públicas e debateu soluções com as pessoas impactadas pela ação? Onde estão os laudos, as regras, as bases para esta ação? Seria porque a empresa nunca se identificou com a cidade que tudo lhe deu? E por fim, por que nem todos serão atingidos pela ação, já que alguns terão seus direitos preservados?
Ficam as dúvidas na sociedade que vê tudo acontecendo à revelia de ações eficazes por parte de suas lideranças. É o retorno às origens, à vergonha e ao desprezo social.
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