Política

Paulo Afonso - Bahia - 31/12/2020

“Não precisa pertencer a uma casta para ser o prefeito”, avalia Luiz Neto, sobre quase vitória em Paulo Afonso

Texto: Assessoria
Foto: Divulgação

PAULO AFONSO – Petista de coração, o advogado Luiz Neto, recém-saído do partido, emoldurou a campanha do jovem Mário Galinho (Solidariedade) dando-lhe estabilidade [eu diria até emotiva], credibilidade, ao mesmo tempo em que afastava com sua presença o ranço geral contra Galinho, de que não se podia levá-lo a sério.

Pouco mais de um mês da eleição municipal, Neto diz que o desejo de mudança já estava sacramentado no coração do povo, e que faltou apenas uma semana para que o resultado fosse almejado.

“Nós saímos para uma disputa em que o nosso candidato [a prefeito] não era conhecido por 25% do eleitorado. Quando batíamos à porta do eleitor ele nos dizia: “vamos votar em Galinho”, então Galinho estendia-lhe a mão e falava: “Obrigado, sou eu”.

Segundo Neto, a campanha de Galinho cresceu ante a insatisfação da população com as condições de saúde oferecidas pela prefeitura, mesmo considerando a pandemia de Covid-19, que embrulhou todo planejamento para 2020 bem como a situação de penúria na qual vive o Hospital Nair Alves de Souza (HNAS), cuja prefeitura se responsabilizou forçadamente.

“Foi mais importante à situação da saúde do que o desemprego, porque você passa sem o trabalho, mas sem saúde não, a doença mexe com toda a família, é sofrimento para todos.”

Ensaiando os passos de 2021, em que pretende se candidatar à Assembleia do Estado, Dr. Luiz Neto diz que não se assusta com as diferenças pontuais entre um pleito e outro, porque há muito tempo tem um trabalho regional:

“Política só tem a porta de entrada, encontrar a saída é difícil. Como precisamos renovar no município estamos cansados dos mesmos representantes que precisam dizer a que vieram; e por que não, podemos sim, temos ideias, estudamos, nos preparamos e vamos tentar uma cadeira na Assembleia, além do que, nos ajuda para 2024”, pontuou.

Neto tem um trabalho muito próximo a sindicatos e à agricultura familiar, “Nosso escritório tem ações nos quatro estados, o que nós precisamos é intensificar mais no estado da Bahia, nesse Eixo Norte do Sertão Baiano. Funciona assim, aonde eu vou levar meu trabalho levo minha campanha também.”.

Luiz Neto, em recesso por alguns dias, recebeu o Painel no seu escritório.

- A quarenta dias da campanha o senhor falava em “incomodar”, foi surpreendente o resultado?

O resultado sempre foi positivo. Eu trabalhei com a perspectiva que sim, que nós poderíamos chegar lá. Fizemos uma leitura política. O PT não acreditou, não enxergaram – talvez estivessem muito comprometidos-, que não tiraram as amarras. Eu pensei que se não fosse pelo PT a causa era maior, então mudei de partido. O que aconteceu foi o seguinte, quando a gente iniciou o processo político veio a Covid, ficamos em casa. Apesar de ter corrido alguns dias foi à campanha que menos corremos. Nós paramos a campanha e quem ficou operando de forma institucional foi à prefeitura, e quando ela vai leva o nome do prefeito. Então nós ficamos em casa, Anilton ficou em casa sem poder fazer nada. Nesse tempo eles cresceram. Nós tentamos tirar essa diferença. O que faltou para gente foi campanha, não foi uma questão de dinheiro. A gente não precisaria de recursos, se chegasse 1 milhão de reais não saberíamos o que fazer.

- Como esse grupo recém-criado poderia ganhar a campanha sem um vintém?

Lógico. Por vários fatores. O primeiro é o cansaço, a população, a maior parte [considerando a soma dos votos contrários] não acredita mais no grupo. Não há propostas, e nem é preciso dizer que vão fazer mais que ninguém acredita, porque são 30 anos. Dizer que vai fazer a segunda ponte?, Por que não fez?; que vai gerar emprego etc., sobretudo o maior problema que nós identificamos foi no campo da saúde. Uma cidade gerida por dois médicos não se justifica. Há muita indignação. O que sustentou o grupo foi o apadrinhamento. Você observa várias pessoas de uma mesma família votando para garantir o emprego de uma única pessoa. Isto é, o velho esquema do poder econômico; as várias empresas que fornecem para a prefeitura; os mesmos amigos e secretários, porém, a cidade mostrou que não quer mais.

- Qual foi sua colaboração para a campanha de Galinho?

É um somatório de coisas. Primeiro, o que pesava contra Mário era o fato de ele ser jovem, de não ter experiência administrativa, e como geriria essa megaempresa pública que é a prefeitura de Paulo Afonso? Quando eu entrei dei esse aval, ‘Mário é novo, mas Neto é experimentado’, fora isso, os apoios políticos, deputados estadual e federal, pessoas que marcham comigo na esquerda, por exemplo: o deputado Bebeto Galvão (PSB), o deputado federal Valmir Assunção (PT), o deputado estadual Jacó (PT), muita gente de peso do PT, do governo, porque você sabe que o governador [Rui Costa] ficou neutro, desde o começo ele dizia que onde tivesse dois ou três aliados ele não iria. Então somou esse peso.

- Ter perdido por tão pouco [805 votos] causou frustração?

Primeiro nós não perdemos. Em momento algum esse sentimento passou pelo meu coração. Porque quando nós formamos o grupo fomos taxados de doidos, até pela família [risos]; então somos considerados vitoriosos, se saio à rua as pessoas chegam, se vou à igreja o pessoal chega e diz “Eita foi por pouco!” “Mas na próxima…”, e o que é mais importante Ivone, despertamos sobretudo no jovem que sim, você pode!, você pode pleitear uma cadeira no Parlamento de Paulo Afonso, na prefeitura, porque isto não é critério de uma casta, mas de todo cidadão pauloafonsino. Por que eu não posso?, por que só pode A ou B?, a coisa mais importante desta campanha foi essa mensagem que passamos ao povo.

- Eleitores de Galinho ficaram enfurecidos com a área rural, que garantiu a vitória para Luiz de Deus.

Uma cobrança injusta, porque fomos bem votados. Galinho é desconhecido na zona rural, qual trabalho ele tinha?, quem tem trabalho lá é a prefeitura. A população depende de carro-pipa, de estrada, de saúde e educação. E o que vimos lá foram salas multisseriadas, coitada dessa professora, enquanto um aprende a desenhar o outro faz contas; estrada só é arrumada quando o prefeito vai passar por lá e na saúde já existe organizações para que cada morador doe 20 reais por mês e garanta com isso um carro para levar pacientes doentes, é um retrato de muita carência a área rural, nós não podemos cobrar isso, e no entanto, tivemos mais de 3 mil votos lá.

- O seu grupo passaria por muitas cobranças e não teria como resolver muita coisa.

A gente não resolveria num passe de mágica, mas temos saída. A agricultura familiar e o turismo. É o mesmo jargão, é, mas nos reunimos com a Chesf e ela quer entregar o bondinho, memorial e o zoológico, e por que Canindé dá certo?, porque a prefeitura precisa ser o fomentador, dar o primeiro passo, intensificar e colocar os primeiros recursos, mas esse grupo não quer. Acha que tem recursos certos [royalties], e insiste nessa politicazinha de varejo, que paga funcionário em dia como se isso fosse algo extraordinário. O potencial está na agricultura, não adianta achar que as grandes indústrias veem sem que antes achemos a nossa vocação, sem que cresçamos pelas nossas próprias pernas, como Juazeiro e Petrolina.

-  A sua identidade política é petistao senhor voltaria ao PT?

Não, porque o PT teria que se transformar, né, eu não voltaria não pelo PT, pelas lutas do partido em si, eu não voltaria pelas pessoas que lá estão.

- O PT é muito difícil.

Demais. A história do partido, a ideologia do partido sempre me encantou, e me levou até ele, no entanto, as pessoas que lá estão fizeram o oposto. Tô fora!

 


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