2020 será marcado mais uma vez por uma luta que teve seu primeiro e conturbado capítulo na década de 90 - A nossa batalha pela Não Privatização da Chesf (Companhia Hidroelétrica do São Francisco).
O Governo Federal, agora com o presidente Jair Bolsonaro, quer vender um dos nossos patrimônios mais valiosos. Uma empresa que além de muitas divisas importantes, somente no ano passado deu um lucro de R$ 3,5 Bilhões de reais, segundo informações do site da CHESF. Isso é um absurdo – Vender uma empresa estatal que diferente de muitas outras, oferece lucratividade para a nação.
Mas o fato é que muita coisa se complica e se transforma com essa negociação. A principal delas é outro grande patrimônio do povo brasileiro – O Rio São Francisco, nosso velho Chico.
Dentro do processo que quer privatizar a CHESF, vem o domínio sobre as águas do rio, o combustível para a geração da energia elétrica. Com isso, o uso da água será uma condicionante nesse processo de privatização. Ou seja, como ficarão nossos ribeirinhos que vivem da plantação e colheitas nas área irrigadas, o turismo, a piscicultura, o consumo da água para beber e criar animais? A água, nosso bem maior, vai ser privatizada também. Pensem nisso.
Nos anos 90, no Brasil comandado pelo então presidente por Fernando Henrique Cardoso (FHC), nós políticos (em 1993 fui prefeito pela primeira vez), cidadãos e cidadãs, a categoria dos eletricitários, (Luta também encampada pelo Deputado Waldir Pires que chamou o momento de “Levante Nacional”) fomos às ruas para protestar contra o projeto de Privatização do Setor Elétrico, e aqui particularmente da CHESF. Atos que se repetiram outras vezes durante essa mesma década.
Na época conseguiram privatizar a Vale do Rio Doce e outras estatais que davam muito lucro ao Brasil, e hoje, continuam dando lucro aos que compraram. Um clima tenso se formou, e há um grande temor de ver nosso símbolo ser leiloado e se transformar numa empresa estrangeira que só visaria lucros abandonando os interesses coletivos.
Para quem não sabe, a CHESF contribui e muito com o desenvolvimento regional, como a cultura, esportes, programas de iluminação e também com a preservação do meio ambiente. Compromissos sociais que muito dificilmente seriam assumidos por uma empresa só capitalista. Outro ponto importante – A CHESF é quem mais contribui com a nossa cidade, com o pagamento de impostos sobre a produção de energia e royalties, isso com certeza também seria revisado.
Depois veio um outro capítulo em 2018. Tendo como protagonista um grande conhecido de Paulo Afonso – O Deputado José Carlos Aleluia, que foi apoiado pelo Dr. Luiz de Deus (Atual prefeito). Aleluia foi o relator do Projeto de Lei (PL 9463/18) e grande apoiador da Privatização do que ainda havia resistido do setor elétrico, entre eles a CHESF. Foi mais um ano de luta e resistência.
Agora esse movimento vem novamente nos atacar, nos podar, cercear nosso direito a água livre e tirar do povo brasileiro a CHESF, nosso símbolo e patrimônio. A CHESF é a história de Paulo Afonso, do povo trabalhador, uma herança dos pioneiros que deram suor, lágrimas e vida por essa construção desafiadora, é a manutenção do desenvolvimento regional, é a justa divisão da sagrada água, que rega o nosso alimento e mata nossa sede.
Vamos juntos abraçar essa causa. A CHESF é nossa! Diga Não à Privatização!
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