Opinião

Paulo Afonso - Bahia - 06/03/2020

Baronesas: uma tragédia anunciada

Almeida Júnior é presidente da Peixe SF (São Francisco)
Foto:Divulgação

Mais uma vez a tragédia se repete. Com as últimas chuvas as baronesas que estavam “sumidas” reapareceram causando prejuízos tanto para as pisciculturas, como para o turismo e para os demais usos múltiplos do Rio São Francisco. Os prejuízos são enormes e já passam da casa dos milhões de Reais. Somente nesta quinta e sexta feira, duas pisciculturas de Glória perderam toda a produção. Lá se foi todo um esforço de um ano de trabalho.

O problema das baronesas nos nossos lagos é uma tragédia anunciada e que vem se repetindo ao longo dos anos. As baronesas são oriundas dos leitos secos dos rios Moxotó e Pajeú onde, diversos municípios jogam seus esgotos diariamente. Com a chegada das chuvas, os rios e riachos temporários voltam a “correr” e trazem para os reservatórios de Itaparica e Moxotó, toda essa carga de baronesas causando transtornos para a captação de agua para consumo humano e irrigação e prejuízos para o turismo e a piscicultura da região.

Por diversas vezes alertamos os poderes públicos locais, estaduais e federal sobre o problema e os impactos das baronesas sobre a nossa atividade. Fizemos diversas reuniões, atos de protesto, audiências públicas com a participação de prefeitos e vereadores dos municípios dos quatro estados envolvidos (Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe), Órgãos de Governos, Comitê da Bacia, Universidades, CHESF, CODEVASF, Empresas de Saneamento, Ministério Público Estadual e Federal, viagens à Brasília para audiência com Ministério do Meio Ambiente e Secretaria de Aquicultura e Pesca. Infelizmente não fomos ouvidos e tampouco atendidos. É um total descaso com a nossa região do Sub Médio São Francisco.

A quem interessa essa total omissão dos poderes públicos constituídos? Será que nós, cidadãos e cidadãs, piscicultores, empreendedores do turismo, ribeirinhos, irrigantes, pescadores artesanais, que aqui vivemos, produzimos, geramos oportunidades e empregos, pagamos e recolhemos impostos, não merecemos o mínimo de respeito e consideração? Até quando vamos ver, de braços cruzados, o nosso Velho Chico morrer? 


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