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Paulo Afonso - Bahia - 04/10/2017

Se não chover, Sobradinho seca em novembro

Por Adilson Fonseca - Tribuna da Bahia
Foto: Reprodução

Não se trata apenas de projeção, mas de conta aritmética. Na velocidade em que o nível de água do Rio São Francisco vem caindo, a projeção da Defesa Civil da Bahia é que se não chover até novembro, o Lago da Barragem de Sobradinho, que é responsável por 60% do abastecimento de água para a geração de energia na Região Nordeste, seque e reste apenas a calha do rio, impossibilitando qualquer captação de água para funcionamento do sistema hidrelétrico da CHESF.

A análise foi feita, com base em previsões técnicas da Companhia Hidrelétrica do Vale do São Francisco (Codevasf), pelo superintendente da Defesa Civil da Bahia (Sudec), Paulo Sérgio Menezes, que com técnicos e engenheiros da própria  Codevasf, elaborou um relatório que foi enviado ao Ministério da Integração Nacional  mostrando a gravidade da situação. “Infelizmente estamos caminhando para uma catástrofe ambiental sem proporções e sem perspectivas de melhorias”, disse.

Em três dias de inspeção na região, o superintendente da defesa Civil na Bahia disse que em todos os cincos municípios no entorno do Lago de Sobradinho – Remanso, Casa Nova, Sento Sé, Pilão Arcado e Sobradinho – os técnicos constataram que a captação de água a partir do Lago de Sobradinho, para abastecer tanto aas sedes municipais como a zona rural,  cada vez mais difícil.

Segundo explicou Paulo Sérgio Menezes, em Remanso, o Exército, através do 72º Batalhão de Infantaria Motorizada, sediado em Petrolina (PE), deslocou 37 carros-pipas para abastecer o município. A captação de água está sendo feito a sete quilômetros da cidade, através de bombas flutuantes no leito do rio, e movidas a óleo diesel. “Até mesmo a água de poços artesianos está cada vez mais escassa, pois tem havido um rebaixamento da vazão porque os lençóis freáticos estão secando”, diz Sérgio.  Ao todo, nos cinco municípios do lago, mais de 200 carros-pipas foram contratados nos últimos meses.

Colapso – Em três dias o volume do lago da Barragem, de Sobradinho caiu 0,27%, saindo de 5,50%, na segunda-feira, para 5,23% na quarta-feira. A situação se torna mais grave quando o volume de água que entra no lago é de apenas 290 metros cúbicos por segundo e sai pelas comportas da barragem mais do dobro,  592 metros cúbicos por segundo. 

Por causa dessa situação, a Agência Nacional de Águas reduziu ainda mais a vazão da barragem, não só em Sobradinho, que deverá operar com uma defluência (saída) limite de até 523 m³/s até novembro, como na Barragem de Xingó, a maior do complexo hidrelétrico, que desde a quinta-feira teve sua vazão reduzida. Nas projeções feitas pela Sudec, até o final de outubro o volume de água acumulado no lago será zero. “A partir daí e até o final de novembro, o lago vai estar com menos zero (-0%) e o lago desaparece, ficando apenas a calha do rio”, diz o superintendente Paulo Sérgio Mendes. 

Na nota distribuída na última quinta-feira, a Agência Nacional de Águas (ANA) determinou que a barragem de Sobradinho (BA) começasse a operar com uma defluência mínima de 580 metros cúbicos por segundo (m³/s), menor patamar de água já liberado até hoje pelo maior reservatório da bacia do rio São Francisco. O reservatório vinha operando no patamar de 600m³/s. Além disso, a barragem de Xingó (AL/SE) terá uma redução dos atuais 560m³/s para 550m³/s a partir da próxima segunda-feira, 2 de outubro. 

Segundo a ANA, a  autorização também permite à Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF) adotar uma defluência mínima instantânea de 523m³/s até 30 de novembro. A redução da vazão defluente de Sobradinho e Xingó foi permitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA , como forma de

preservar os estoques de água dos reservatórios da bacia do rio São Francisco diante do agravamento das condições de seca, que desde 2012 vêm sendo impactados por chuvas abaixo da média.


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