O presidente dos Correios, Guilherme Campos, disse nesta quarta-feira (29) que pretende conversar com a Caixa Econômica Federal sobre a possibilidade de criação de uma loteria dos Correios, como alternativa de arrecadação de receitas para a estatal, que enfrenta dificuldades financeiras.
"Hoje é um monopólio da Caixa. Mas nós temos presença nacional, temos capilaridade, e tendo a oportunidade de explorar uma outra loteria, dentro da legislação existente, por que não os Correios terem a sua loteria postal?", disse Campos a jornalistas.
Nesta terça (28), o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, disse que todo esforço deve ser empreendido para evitar que os Correios sejam privatizados, mas que essa opção não pode ser descartada.
"O governo não tem recursos para injetar nos Correios", afirmou. "Eu reconheço que aconteceram uma série cortes na empresa, mas devemos continuar cortando mais. É uma constatação difícil de ser compreendida às vezes, mas não há saída, senão vamos rumar para a privatização", afirmou Kassab após evento no Palácio do Planalto.
"Eu, pessoalmente, sou contra a privatização e trabalho como ministro para que não aconteça a privatização, mas não há caminho. Ou nós vamos recuperar os Correios cortando gastos e procurando encontrar receitas na prestação de serviços adicionais ou nós vamos caminhar para a privatização do todo ou de parte."
O ministro descartou possível injeção de recursos na estatal, que no ano passado teve prejuízo de cerca de R$ 2 bilhões.
"A meta é recuperar a empresa. Mas eu quero dizer de uma maneira muito respeitosa e muito carinhosa que nós não temos saída. Ou nós promoveremos o equilíbrio rapidamente ou nós vamos caminhar com o processo de privatização."
No início do mês, os Correios anunciaram o fechamento de 250 agências, de 6.511 próprias no país.
A decisão faz parte da estratégia de redução de gastos da empresa. A iniciativa atinge agências em cidades com mais de 50 mil habitantes de todas as regiões.
O ministro afirmou que os problemas são reflexo de má gestão. "Em algum momento, o governo federal retirou mais recursos do que a prudência recomendava, como dividendos. E a má gestão também aconteceu ou não teríamos a empresa na situação que está hoje", afirmou.