A notícia de que as águas do Rio São Francisco seriam transpostas para irrigar a região do semiárido soou como um grito de redenção para o Nordeste. A região, secularmente castigada pela seca, teria enfim seus rios perenizados e a agricultura poderia se desenvolver durante todo o ano e não somente no inverno. O ex-presidente Lula fez desse programa um dos carros chefes do seu Governo e isso ajudou na eleição de Dilma que teve no Nordeste um número consagrador de votos que acabaram por compensar a diferença contrária a ela no Sul e Sudeste.
Acontece que isso não emocionou Dilma e hoje, das 16 bases que integram a obra, seis foram interrompidas e as restantes prosseguem num ritmo lento que não anuncia boas novas para este ano. Parece que para Dilma a transposição dessas águas não é uma obra prioritária e com isso instala-se o caos nessas regiões e municípios, onde a obra era realizada e o dinheiro enviado para a construção do canal funcionava como um motor que fazia girar a economia.
Não é de hoje que o Nordeste é tratado como filho bastardo. Para cá chegam apenas as sobras da República e isso mesmo a conta gotas. Não temos uma bancada com capacidade de decisão, apesar de decidirmos eleições presidenciais. Falta-nos uma liderança e um objetivo comum que consiga priorizar a transposição como obra vital para que o Nordeste continue e existir sem o drama dos flagelados e da seca anual.