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Paulo Afonso - Bahia - 23/03/2015

Trotes superam chamadas de socorro no Samu de Paulo Afonso

Divulgação
Equipe do SAMU, coordenada pelo enfermeiro Ricardo Valença, gerente geral da base do SAMU em PA
Equipe do SAMU, coordenada pelo enfermeiro Ricardo Valença, gerente geral da base do SAMU em PA

O número de ligações falsas para o número 192 do Samu tem crescido de forma preocupante. Crianças simulam ocorrências e adultos são os que dão mais detalhes convencendo os atendentes do órgão. Quando se desloca para atender a um chamado falso, além dos gastos com combustível e psicológicos de socorristas e médicos, o Samu pode deixar de prestar socorro em um caso real. Contudo, um dado é preocupante, a incidência de trote vem aumentando a cada dia. Nos dois primeiro meses deste ano o setor contabilizou 2.500, desde os mais simples aos mais complexos”, revela Ricardo Valença, gerente geral da base do Samu em Paulo Afonso.

Nesse cenário entre ligações sérias e ligações nada sérias, vive o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Paulo Afonso. O número de trotes, no ano passado foi de 25 mil, revela o coordenador Geral Ricardo Valença, responsável pela regulação médica do SAMU.  Trotes que acabam atrapalhando a vida de quem realmente quer trabalhar e de quem de fato precisa de atendimento.

Alguns trotes são identificados, a maioria deles feito por crianças. Em alguns casos os atendentes descartam a ida ao local. Outros convencem pelo número de detalhes apresentados, mas ao chegar ao local os socorristas enfrentam a frustração por estar em uma falsa ocorrência.

“Poderíamos estar atendendo uma vítima. Muitas vezes poderíamos salvar uma vida e por minutos um paciente chega a falecer porque a nossa viatura em vez de ia para uma situação verídica vai para uma que não existe”, completa Valença.

Para tentar a diminuição dessa prática, o Samu planeja realizar ações de conscientização junto a escolas por meio de palestras e outras atividades. Campanhas em rádio, internet, também poderão acontecer. Por fim, o trote também pode confundir na hora de decidir enviar ou não a viatura apesar de todo o treinamento que os atendentes são submetidos.

.“As pessoas conseguem simular tão em um quadro dramático e nós nos sensibilizamos com a situação e por ter a preocupação primeira com a vida das pessoas, nós preferimos liberar uma viatura porque senão a pessoa deixa de ser beneficiada por causa de um trote. É por isso que o trote é danoso ao sistema”, explica Ricardo Valença. Hoje o SAMU atua como sede regional e está presente em Paulo Afonso, Glória, Jeremoabo, Santa Brígida, Abaré, Rodelas, Chorrochó, Macururé e Pedro Alexandre. O quadro funcional do SAMU atua 10 médicos, 1 coordenador Geral, 1 Coordenador de Enfermagem, 1 Coordenador Médico, 5 enfermeiras, 15 condutores, 10 técnicos em enfermagem e 10 Tarms (Técnico Auxiliar de Regulação Médica). O coordenador do SAMU, Ricardo Valença, explica que a população vai se acostumar gradativamente com o serviço e entender toda a logística de atendimento, com regulação médica. “As demandas aumentam principalmente no chamado horário de rush, quando há um número maior de pessoas circulando e com maior probabilidade de registro de ocorrências. Pela triagem das chamadas, priorizamos os atendimentos de urgência e além da agilização no processo de atendimento há o encaminhamento direto do paciente ao local adequado”, disse.

O atendimento é feito de maneira integrada entre Polícia Militar, Corpo de Bombeiros. Nos casos onde houver a necessidade de desencarceramento (retirada das ferragens), o trabalho será feito pelo Corpo de Bombeiros e a remoção pelo SAMU. Nas rodovias privatizadas, o atendimento é de responsabilidade das concessionárias.

Como funcionam os atendimentos

Ricardo, explica que quando uma pessoa liga para a central de regulação ela é atendida por um dos técnicos auxiliares de regulação médica. Essa pessoa é responsável por coletar os primeiros dados, como a natureza da ocorrência, onde aconteceu, um ponto de referência e pelo menos o primeiro nome do solicitante. Colhidos esses dados, a ligação é repassada para um dos médicos do Samu 192, que fará a avaliação da ocorrência. Ele verificará se é apenas o pedido de uma orientação, ou se é um caso mais grave, que precisará o deslocamento de uma equipe. Se precisar de uma equipe, ele avalia qual o tipo: com ambulância básica, composta por um condutor socorrista e um técnico em enfermagem ou se é preciso unidade avançada, com UTI móvel, composta por um médico, um enfermeiro e o condutor socorrista.

O Coordenador informou que o sistema da central de regulação consegue identificar o número de onde está sendo feita a chamada, mas isso não é o suficiente para saber se a ligação é trote. A equipe também tenta prestar atenção se durante a ligação há risadinhas ao fundo e se a ligação está sendo feita por uma criança. Contudo, como adultos também costumam se dar ao trabalho de passar trotes para o serviço, fica difícil para as equipes identificar se a ocorrência é verdadeira. “Tem algumas situações que não conseguimos identificar. Nós tentamos, só que muitas vezes os adultos conseguem nos enganar. Mesmo que a gente solicite os dados, como o nome, eles passam dados falsos e conseguem passar a informação de uma forma tão verdadeira que nós acabamos acreditando”, relatou.

Maior incidência

O enfermeiro informou que a maioria dos trotes é feita por crianças e existem alguns horários que são mais frequentes, como nos horários de entrada e saída das escolas. Adultos costumam passar trotes maliciosos, principalmente no período da noite.

Punição

Art. 340 do Código Penal - Decreto Lei 2848/40: Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

 

Na intenção de coagir os autores dos trotes, principalmente quando se trata de crianças, Ricardo disse que a equipe costuma, assim que a ligação é encerrada, retornar para o número registrado na central reguladora e pedir para falar com os pais ou o responsável pela criança que fez a ligação. 

Além disso, o Coordenador do Samu disse que acredita que se houvesse autorização para que as operadoras de telefonias divulgassem os endereços e nomes dos usuários dos telefones, inclusive celulares, o próprio Samu poderia tentar conversar com esses falsos solicitantes e explicar a gravidade desses trotes. E se necessário, nas ligações que resultam na mobilização das equipes e dos veículos, cobrar os gastos envolvidos nessa brincadeira de mau gosto.

Riscos

Ricardo explicou que não são apenas os gastos envolvendo a mobilização das equipes que implicam na gravidade dos trotes. O mais preocupante é se, no momento em que a falsa ocorrência for registrada, uma verdadeira estiver acontecendo e acabar prejudicando o atendimento de pessoas que realmente necessitavam.

“É importante que as pessoas liguem para o Samu 192 quando realmente têm a necessidade de fazer esse contato. Só o ato de ligar já deixa a linha ocupada. Nós temos três linhas, mas pode acontecer das três estarem ocupadas e uma pessoa que tem extrema urgência ter que ficar esperando”, alertou. 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte/Autor: Agecom por Luiz Brito

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