Não sei se é meu DNA de pobre e meu senso crítico que se arrepia toda vez que vejo dinheiro público, o suado dinheiro dos impostos, jogado em festas. Agora mesmo a prefeita de Glória Doutora Enavilma Negromonte anunciou as atrações da Trezena de Santo Antonio onde artistas do quilate de Caviar com Rapadura, Fogo na saia e alguns nativos vão levar parte desses impostos para a alegria do povo. Na minha ótica míope pela pobreza hereditária, festa se faz quando tudo o mais está resolvido. Como se diz no interior, festa é pra quando a barriga está cheia, e a barriga do povo gloriense principalmente o que mora na zona rural anda bem vazia.
Poderá dizer algum forrozeiro mais exaltado que Paulo Afonso gasta um bom dinheiro no seu São João. Mas em PA o São João traz dividendos, hotéis lotados, turistas com dinheiro e visitantes. Será que a Trezena de Santo Antonio tem esse dom? Será que podemos competir com lugares consagrados como Paulo Afonso e Jeremoabo? Claro que não, nossa festa só traz despesas, despesas para uma Prefeitura festeira mas pobre, tão pobre que sofre com a falta de um plano de mobilidade urbana e não consegue manter funcionando sua rede de saúde pública.
Uma cidade que sequer uma maternidade tem e nos dias atuais, com a modernidade, talvez nenhuma parteira.
A Trezena de Santo Antonio sempre houve, o povo se encarregava disso sem que fosse preciso queimar verba pública. Como os tempos mudaram, por que não convocar a iniciativa privada para entrar nesse forró, por que sempre tocar fogo no dinheiro do povo como se a vida fosse uma festa? A vida não é uma festa, ao menos em Glória onde falta tudo, de oportunidade de trabalho a segurança, de médicos a remédios, coisas que esse dinheirinho que vão torrar no forró poderia ajudar a comprar. Pão e circo são uma máxima dos césares e quanto menos pão, mais circo para que o povo pense menos e sorria mais, mesmo que a fogueira seja feita com seu dinheiro.
Fonte/Autor: Por Luiz Brito DRT/BA 3.913