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Opinião

Paulo Afonso - Bahia - - 12/12/2012

UM ERRO ENTRE A VIDA E A MORTE

Foto Reprodução

O que é um erro? É uma coisa que não é ou não está certa. E como se diz ou se acha uma coisa certa? Através do conhecimento científico, da experiência, da prática de vida, do comportamento costumeiro, da norma jurídica, imperativa, dos conceitos morais e éticos, enfim, ao longo da vida e da história, o homem foi estabelecendo e criando conceitos e conhecimentos que foram trazendo bem-estar e melhores condições de vida para todos ou para a grande maioria da humanidade. Em qualquer segmento da vida, seja social, política ou científica, tenta-se construir consensos, para que os seres humanos vivam bem, em harmonia, com prazer e felicidade.

O SER HUMANO NÃO É PERFEITO

Infelizmente, nós humanos somos animais, racionais, é claro, pero non tanto, muitas vezes. O nosso instinto de defesa natural nos torna essencialmente egoístas e muitas vezes mesquinhos, na disputa com outros seres humanos. Aí nos tornamos mentirosos para levar vantagem em tudo, queremos estar sempre certos nas nossas discussões, queremos ganhar todas as disputas, às vezes humilhamos outra pessoa para aparecer bem, ser o tal, etc. É necessário ter uma formação ética muito forte, ter princípios e não abrir mão deles, ter consciência que ninguém é melhor do que ninguém, lembrar sempre que a dor de qualquer ser humano é igual, é a mesma, para que cada um no cotidiano desta vida tenha o respeito necessário com o seu semelhante.

A NEGLIGÊNCIA MÉDICA E OMISSÃO DE SOCORRO

Na medicina como na vida, vamos aprendendo sempre, com os livros, os mestres, com a prática cotidiana, mas novos conceitos e tecnologias aparecem, quanta coisa mudou nestes meus 40 anos de médico. Condutas que eram corretas lá atrás, hoje estão em desuso; quantos erros cometemos em nome do próprio conhecimento. Mas aquilo que se mostra certo, que tem dado certo, a chamada medicina baseada em evidências não pode ser refutada. Só que lidamos com uma coisa específica chamada espécie humana, muito, mas muito complexa, com as nossas múltiplas possibilidades de combinações genéticas aleatórias (Charles Darwin) e aí aumentam e muito as possibilidades de reações diversas ao mesmo tipo de conduta, de terapêutica.

Conduta que dá certo com milhares, às vezes, não dá certo com outro, por uma série de fatores, genéticos, hereditários, alérgicos, reações cruzadas, ambientais, psicológicos, sociais, etc. E como fica o médico, que dedicou todo seu conhecimento, seu esforço, fazendo tudo corretamente e colhe o insucesso? Fica muito mal, porque aquilo pode acontecer a qualquer ser humano que se submeta a tratamento médico. Inclusive a ele médico (humano). O que não pode acontecer é a negligência, é a omissão e nem a imprudência, isto não pode, temos que examinar bem os pacientes, ouvi-los, não podemos deixar de atender ninguém, principalmente em situação de urgência e emergência, como também não podemos e não devemos nos atrever a praticar condutas para as quais não estamos habilitados, não temos conhecimento.

FAZENDO A DIFERENÇA NA SAÚDE PÚBLICA

Entretanto, muitas vezes trabalhamos em condições desfavoráveis, com falta de profissionais em quantidade e qualidade necessária, falta de equipamentos indispensáveis, falta de medicamentos essenciais, tudo em consequência da falta de investimento em saúde por parte do Estado Brasileiro e de gestores comprometidos com a saúde pública. Em nossa Paulo Afonso, temos muito ainda a fazer na nossa saúde pública, principalmente na área da assistência, a chamada Alta Complexidade (UTI) etc, mas mesmo assim, dentro das nossas possibilidades temos bons indicadores, que como diretor do Hospital Nair Alves e secretário municipal de saúde, ajudei a construir; além de como médico plantonista ter bons indicadores, dentro dos padrões aceitos pelo Ministério da Saúde. Um plantonista que entre 2010, 2011 e 2012 realizou 711 partos, com zero (0) de mortalidade materna, deve saber o que está fazendo; inclusive operando muitos pacientes que chegam ao Nair de outros lugares bastante complicados, levando muitas vezes à realização de histerectomias, miomectomias, salvando inclusive a vida dos fetos e das mães, claro. Infelizmente, existem as mortes neo-natais inevitáveis, seja por prematuridade fetal, má formação congênita, pré-natal não ou mal realizado, uso de drogas licitas e até ilícitas por parte de algumas mães e até por problemas de asfixia fetal no trabalho de parto; seja por uma circular de cordão umbilical (curto), etc.

DENUNCISMO E SENSACIONALISMO COM O ALHEIO

No mundo todo morrem cinco (5) milhões de recém-nascidos por ano, dos quais um (1) milhão por asfixia aguda durante o parto . No período que passei afastado para disputar as eleições (agosto, setembro, outubro, morreram vinte (20) recém-nascidos no Nair, em partos conduzidos e realizados por outros médicos, por causas que já falei aqui, sem que eles tenham nenhuma responsabilidade ou culpa nisso, são inevitáveis.

Mas, os adversários políticos, infelizmente despreparados para uma disputa sadia, de ideias, propostas, de concepções de estado e de sociedade, não tendo como me atingir na politica, na conduta pessoal ou profissional, inventam, mentem, tergiversam, denigrem, baixam o nivel, chegando ao cúmulo do desrespeito de colocar fotos de fetos mortos no site da mentira e da vergonha (mundo cão), inclusive pagando para isto 2 mil reais para colocar a foto de um feto morto há dias na barriga da mãe (macerado); quanta baixaria, isto é falta de respeito humano com os próprios recém-nascidos, com as suas famílias e com a própria população. Mas, para as calúnias e difamações, espero e confio que a Justiça dará a resposta.

Fonte/Autor: Luiz Aureliano é Médico, ex-secretário Municipal de saúde e vereador eleito.

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