Um dos principais entraves para o fortalecimento dos negócios rurais na nossa região é, sem sombra de duvidas, a falta de investimentos públicos em infraestrutura. Posso afirmar, sem medo de errar, que os problemas de infraestrutura emperram o crescimento, aumentam os custos dos produtores e desestimulam investimentos.
A terra é generosa, temos áreas férteis e apropriadas para a agricultura irrigada. Estima-se a em mais de 50 mil hectares de terras agricultáveis e propícias a implantação de projetos de irrigação nos municípios de Paulo Afonso, Santa Brígida e Glória. Nos dias de hoje, o vizinho município de Glória colhe uma grandiosa safra de melancia.
A colheita do coco, em Rodelas, é recorde de produção e de preço. E nos próximos anos deverá dar um expressivo salto à frente, com aumento na área plantada em função dos bons preços obtidos na safra deste ano. Nas áreas de sequeiro, o clima semi-árido e a vegetação da caatinga são propícios a exploração da apicultura para a produção de mel silvestre, de alta qualidade e sem a contaminação de agrotóxicos. O bioma caatinga também é favorável a produção de caprinos e ovinos. Aqui, produzimos o bode verde, criado à solta. A ovinocaprinocultura quando conduzida dentro das recomendações técnicas de manejo, é uma das alternativas para fixar o homem à terra com produção e rentabilidade. A piscicultura em tanques rede coloca Paulo Afonso e região como maiores produtores de pescado em cativeiro da América latina. Com tecnologia já testada e aprovada, esta região é a vanguarda na produção de tilápia em tanques rede. Água é que não nos falta.
Entretanto, estas boas notícias expõem, também, os mesmos problemas de infraestrutura que emperram o crescimento, aumentam os custos dos produtores e desestimulam investimentos.
Senão vejamos: não é apenas a falta de estradas para escoamento da produção (temos que reconhecer o estado da malha viária continua calamitoso). A este grande gargalo, somam-se outros fatores que impõem custos extras aos produtores, estreitam suas margens de lucro e os desestimulam a investir na região. Falta acesso à energia elétrica, crédito, regularização fundiária, licenciamento ambiental, capacitação e assistência técnica.
Só no trecho entre Rodelas e Glória, às margens do rio São Francisco, milhares de hectares de terras férteis estão improdutivas por falta de investimentos públicos em energia elétrica. São pequenos e médios produtores que não podem trabalhar a terra gerando alimentos, empregos e distribuição de renda. A terra fez sua parte, os produtores, também. Os poderes públicos, ainda não. E assim vamos em frente. Aos trancos e barrancos.
Desenvolvimento com Justiça Social.
Fonte/Autor: Dr Anttonio Almeida Júnior