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Paulo Afonso - Bahia - 04/05/2023

O vale tudo do trânsito mostra que somos uma comunidade adoecida

Luiz Brito DRT BA 3.913
Divulgação
Transito ponte de acesso
Transito ponte de acesso

Algumas características são marcadores importantes, assim como o trânsito é um importante marcador do grau de sanidade de uma comunidade.

Pelo trânsito fluem as pessoas numa cidade, seja por meio do transporte coletivo, dos carros, das motos ou mesmo dos pedestres caminhantes. Nele convivem ricos e pobres; adultos, idosos e adolescentes; homens, mulheres e outros. 

O trânsito é, portanto, uma valiosa amostra da população em suas variadas formas. Por ele é possível medir o estado de sanidade social da cidade. E, diga-se, no caso de Paulo Afonso, pode-se afirmar que não estamos bem.

Não se mede a qualidade do trânsito apenas pelo tempo gasto entre um ponto e outro – entre a casa e o trabalho, por exemplo. Essa é uma variável importante. Mas, ela apenas indica a qualidade da malha viária, a quantidade de veículos transitando e a pertinência das decisões de engenharia de trânsito. Não é sobre o aspecto físico. É sobre o tráfego de pessoas e veículos pelas vias da cidade enquanto um fenômeno social.

Dele, nas suas singularidades atuais, podemos extrair, no caso da ex-capital da energia, o quanto estamos perdendo aqueles traços que tão fortemente nos marcaram ao longo da história, como a hospitalidade, a cortesia e a solidariedade.

Uma comunidade faz-se primeiramente de virtudes. Elas orientam as novas gerações sobre o certo e o não tão certo. O bonito é o reprovável. Virtudes como hospitalidade, cortesia e solidariedade são marcadores que indicam vida social saudável.

Faz algum tempo que estou circulando pela cidade de moto. Na impossibilidade do uso de bicicleta, adotei o motociclismo como meio de transporte alternativo. 

Nota-se que no trânsito de Paulo Afonso não há cortesia e nem solidariedade. O que existe são um absurdo individualismo e uma competição desesperada por um “primeiro lugar” que não se sabe o que é. O resultado visível é a luta desesperada por espaço e protagonismo. Nesse “mundo cão” não existe lei, regra ou qualquer limite; é um clima permanente de vale-tudo. E os motoqueiros estão entre os grandes responsáveis, como algozes e vítimas.

O número de mortes  de motociclistas  em Paulo Afonso  só cresce. Especialistas afirmam que o crescimento do número de entregadores nas ruas tem influência no índice de acidentes. Entregadores ganham por produção. Precisam de rapidez e agilidade – coisas que quase sempre andam de mãos dadas com o desrespeito às regras de trânsito e o descuido com a segurança e a vida.

Precisamente aí entra a responsabilidade do poder público. Obedecer ou não às leis não é questão de escolha pessoal. É imperativo da vida em sociedade. No caso, o poder público vem se eximindo de realizar seu papel, já que praticamente não existe mais serviço de controle e fiscalização de trânsito.  Como disse antes, o trânsito é um valioso marcador do grau de sanidade social de uma comunidade. E quando um organismo está doente, precisa de cuidados. O cuidador, neste caso, tem que ser o poder público por meio da prefeitura cumprindo com suas obrigações, fiscalizando e punindo. No vale-tudo todos saem perdendo.

 


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