O governador da Bahia, Rui Costa (PT), admitiu que a eventual ida do presidente Jair Bolsonaro para o PP pode atrapalhar a aliança que o grupo petista tem com a sigla na Bahia. Atualmente, os progressistas ocupam a vice da gestão estadual, representada pela pessoa de João Leão. "Se isso se materializar, a situação fica muito complicada numa aliança para a chapa majoritária", declarou, em coletiva de imprensa ontem, durante assinatura da ordem de serviço para reforma, ampliação, modernização e construção de 24 escolas em Salvador.
Na visão do petista, a entrada de Bolsonaro no PP atrapalha os arranjos locais. "Não é fácil isso. Ficará muito complicado. Espero que isso não se materialize, mas, se materializando, teremos que discutir alternativas possíveis", analisou. "Uma tragédia esse presidente ser rejeitado por 70% do Nordeste e mais de 80% dos baianos e não acredito que os parlamentares do PP vão ficar do lado dele. Fica complicado para eleger até quem tá dentro da sigla. Vão ter situação difícil, pois o voto do Bolsonaro não se enquadra no perfil do PP", analisou.
Rui ainda afirmou que vai conversar com Leão sobre o assunto. "Esses eleitores do Bolsonaro não votam nos parlamentares do PP, eles não ganharão esse voto, então é muito arriscado para os parlamentares, vou buscar Leão e a direção do PP para conversar", avalia. "Não existe rompimento com as pessoas [do PP]. Vamos buscar alternativas para essa situação. Não há nenhum rompimento previsto. Nossa relação continua excepcional com Leão e os deputados do PP. Esse final de semana estive com [Ronaldo] Carletto, na semana passada com outros parlamentares federais e estaduais em agenda, sem nenhum tipo de dificuldade de relacionamento com as pessoas do PP na Bahia", ressaltou.
Em entrevista à Tribuna no último final de semana, Leão disse não acreditar na ida de Bolsonaro para o PP. "Não sei, rapaz. Não posso lhe dizer se seria ou não seria. Estão dizendo que ele vai vir para o PP, para o PTB de Roberto Jefferson e para o União Brasil de ACM Neto. Não sei", tergiversou o vice-governador, na ocasião. "Se Bolsonaro se filiar ao DEM, pode ser um problema de ACM Neto. Se filiar ao PTB, não sei de quem será o problema - talvez de Benito Gama. Mas no meu partido, não vejo possibilidade de Bolsonaro vir para ele. Não posso trabalhar com hipótese", ironizou.
Ainda na coletiva, Rui disse não acreditar em uma federação entre PL e PP. De acordo com o jornal Folha de São Paulo, a ideia com a união seria robustecer a bancada do chamado "centrão" no Congresso Nacional e fortalecer o PP para reeleger o presidente. "Eleição não é só majoritária. os parlamentares vão tentar estar em legendas que sejam possíveis ou viáveis a eleição. Por isso o desespero desse novo partido aí [PP, que agora se chama Progressistas] de tentar fazer aliança com alguém, federação. Eu até tive com o deputado Zé Rocha esse final de semana e ele me disse que o PL nem sonha em firmar uma aliança com esse novo partido aí. Na verdade é uma sigla nova que surgiu que é um velho partido, mas ele disse que nem sonha", revelou, dizendo ainda acreditar que o cenário nacional deverá influenciar os arranjos locais da eleição.
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