Opinião

Paulo Afonso (BA) - 29/08/2010

Educação Política

• * O autor é empresário e administrador.

                                                                                                                        *  :Dr. Pimenta

Por mais que reclamemos, as eleições proporcionam interessante aprendizado para os que gostam de aprender. São justos os protestos contra a invasão de nossas casas por pessoas incapazes de formular frases inteiras, dedicadas a discorrer longamente sobre os mais diversos assuntos sem conseguirem dizer coisa alguma, entregues ao lançamento no ar de mentiras deslavadas - enfim, praticar essas coisas feias a que todos assistimos nas campanhas eleitorais. A alternativa, que alguns não titubeiam em adotar, é desligar os televisores.

Há que considerar, porém, certos aspectos positivos (e é pela existência deles que se explica a obrigatoriedade da campanha em televisão) para a educação do eleitor. Como saberíamos das debilidades dos candidatos, fosse-nos sonegada a oportunidade de vê-los e ouvi-los, sentados confortavelmente (ou não) ao abrigo do nosso lar? Dificilmente poderíamos avaliar o descompromisso com a verdade ostentado por muitos dos postulantes ao nosso voto, especialmente quando mais se esforçam por parecerem sérios. Seria impossível avaliar-lhes os verdadeiros propósitos, tornados transparentes nos momentos em que pretendem passar a impressão de estarem diante de nós pela primeira vez.

Para mim, o que atrai mais a atenção é o discurso promesseiro dos que, tendo estado tantas vezes na condução dos negócios públicos repetem visão antecipada de sua futura gestão como o encontro do paraíso na Terra. Salvo por alguma das não-raras oscilações na energia elétrica, as caras não tremem. A convicção de que todos somos trouxas leva tais candidatos a invadir nossas casas e, pior que isso, passarem-se por vítimas da maledicência e da má-vontade dos cidadãos.

Quem chegue diante do televisor e empreste algum de seu tempo e atenção à audiência dos programas eleitorais terá a sensação de assistir a um espetáculo que, beirando o jocoso, agride o mais ínfimo sentimento de cidadania. Especialmente no caso mencionado acima, cujo objetivo é o de produzir no eleitor o desejo de dar mais uma oportunidade a quem se portou ineficazmente no passado. Mais que uma consagração política, o que candidatos com essa conduta parecem pedir é a absolvição pelos erros e, ainda por cima, o favor da expiação das culpas. Porque apostam na "desmemoria" coletiva, revestem suas conhecidas promessas de ar supostamente grave, face apiedada pelos sofrimentos de suas pobres vítimas, de novo eleitores ardilosamente buscados.

Há outros que, desfeitos laços políticos anteriormente festejados, tentam elaborar discurso diferente do que fizeram faz pouco tempo. Mal escondendo a absoluta falta de convicção posta naquilo que alardeiam, pensam, todavia, possível levar-nos à crença de que se transmutaram em bons cidadãos e, portanto, pessoas dignas de receber nosso voto.

A variedade de comportamentos é enorme, a tal ponto que justificaria páginas bastantes para encher um livro (ou uma coleção deles?). Para evidenciar, porém, as vantagens de ficar diante da televisão, a rir (se não chorar) das sandices e mentiras proferidas, cremos suficientes os exemplos dados aqui. Respeitem-se as exceções. Felizmente, elas existem. Como, então, ainda falam de que o povo brasileiro, agora, ou quem sabe sempre, está amadurecido politicamente?


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