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Política

Paulo Afonso (BA) - 02/02/2012

Negromonte deixa ministério e Aguinaldo Ribeiro assume

Agência Câmara
O líder do PP na Câmara, Aguinaldo Ribeiro, será nomeado por Dilma para o lugar de Negromonte
O líder do PP na Câmara, Aguinaldo Ribeiro, será nomeado por Dilma para o lugar de Negromonte

BRASÍLIA - O Palácio do Planalto confirmou na tarde desta quinta-feira, em nota à imprensa, que o ministro das Cidades, Mário Negromonte, entregou sua carta de demissão à presidente Dilma Rousseff. A presidente convidou para substituí-lo, o líder do PP na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PB). Dilma se reuniu primeiro com Negromonte, por cerca de 15 minutos. Em seguida recebeu Ribeiro e o presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ).

"O ministro das Cidades, deputado Mário Negromonte, entregou hoje sua carta de demissão à presidente Dilma Rousseff. A presidente da República agradece os serviços por ele prestados ao país à frente da pasta e lhe deseja boa sorte em seus novos projetos. Para substituí-lo, a presidente convidou o deputado Aguinaldo Ribeiro", diz a íntegra da nota.

Antes de divulgar a nota, a presidente ligou para dirigentes do PP com o objetivo de informá-los que aceitou o pedido de demissão de Negromonte. Logo após deixar a reunião, Dornelles confirmou a substituição:

- Acabo de sair de uma conversa com a presidente no Palácio do Planalto. O novo ministro é o Aguinaldo, que é uma pessoa jovem e de valor - disse.

Negromonte é o sétimo ministro do governo Dilma a sair por causa de denúncias de irregularidades nas pastas ou suspeitas de desvios éticos.

A presidente chegou pouco antes de 15h30m ao Palácio do Planalto, onde já Negromonte já a esperava para entregar sua carta de demissão do governo. O GLOBO antecipou o conteúdo do texto do ministro, no qual ele agradece à presidente e diz ser um aliado de primeira hora de Dilma, tendo sido sempre fiel - em uma referência a seu apoio, desde o início, à candidatura de Dilma. Os dois tinham uma reunião marcada para as 11h desta quinta-feira, mas a presidente pediu o adiamento do encontro porque está muito cansada da viagem que fez a Cuba e ao Haiti, da qual retornou nesta madrugada.

Na carta, Negromonte também comentou sobre os problemas políticos que tem enfrentado e a "batalha na mídia", mas reforça que não foi comprovado nada contra ele e, por este motivo, tem a confiança do partido e do governo.

Ele declara também que volta para Câmara e afirma que a presidente sempre poderá contar com ele no que se refere aos projetos de desenvolvimento social do país. Ele reforça ainda que sempre se cumpriu os programas da pasta dentro do orçamento, em uma tentativa de rebater as críticas à sua gestão na pasta.

Novo ministro estava no primeiro mandato como deputado federal

Deputado federal de primeiro mandato e líder do PP, o novo ministro das Cidades é formado em engenharia civil e administração de empresas, com especialização pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em gestão empresarial. Em seu estado, o parlamentar ocupou uma série de cargos públicos como o de secretário de Agricultura, Irrigação e Abastecimento. Ribeiro também foi titular da Secretaria de Ciência e Tecnologia de João Pessoa e da Secretaria de Ciência e Tecnologia, Recursos Hídricos e Meio Ambiente do estado.

Na Câmara dos Deputados, ele integrou as comissões de Finanças e Tributação e a de Minas e Energia. Ribeiro também foi suplente na Comissão Especial de Reforma Política. Ele é autor de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que institui o sistema distrital misto. O deputado também foi suplente do Conselho de Ética da Câmara.

O sucessor de Mário Negromonte na pasta das Cidades foi ainda titular da Subcomissão Especial da Reforma Tributária, da Subcomissão Especial de Royalties e da Subcomissão Especial do Pré-Sal. Como suplente, ele integrou a Subcomissão Permanente do Sistema Financeiro.

Gilberto Carvalho diz que saída de Negromonte não tira espaço do PP

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse nesta quinta-feira que o PP manterá seu espaço na Esplanada dos Ministérios. Ele afirmou que a vaga do PP no primeiro escalão do governo Dilma está assegurada, mas deixou em aberto se o partido continuará à frente do Ministério das Cidades ou se vai para outra pasta. Carvalho disse que tomou conhecimento, pela imprensa, da intenção de Negromonte de entregar uma carta de demissão à presidente Dilma.

- Se ele apresentar a demissão, a presidenta vai naturalmente consultar o partido e buscar um quadro para esse ministério ou para outro que ela julgar necessário, mas o PP continuará no Ministério. Isso é muito claro e tranquilo para nós - disse Carvalho, após participar do programa de rádio "Bom-dia, ministro", na sede da Empresa Brasil de Comunicação, quando a saída de Negromonte ainda não havia sido confirmada.

O ministro afirmou que Negromonte manteve sempre "um comportamento muito companheiro", mas evitou fazer um balanço da gestão dele no Ministério das Cidades, uma vez que a saída ainda não havia sido oficializada. Ele lembrou que a bancada do PP na Câmara enviou carta de apoio unânime a Negromonte em dezembro.

- As razões que estão levando o ministro (Negromonte) a tomar essa atitude são razões do foro próprio dele e não nos cabe fazer especulações - disse Carvalho.

O chefe da Secretaria-Geral da Presidência destacou a importância que o PP tem para o governo Dilma:

- O PP não é um partido qualquer. Não é um partido incidental ao governo. O PP tem sido um parceiro para nós. Temos pelo PP um grande respeito. E é, portanto, muitíssimo provável que o PP continue integrando o Ministério da presidente Dilma. Se vai continuar no Ministério das Cidades ou não, eu não posso adiantar, porque, insisto, essa é uma competência exclusiva da presidenta.

A amigos, ministro já havia dito que 'não aguentava mais o tiroteio'

Negromonte comunicou sua decisão ao presidente do partido, senador Francisco Dornelles (RJ), com quem tomou café da manhã nesta quinta-feira. Dornelles vai tratar com o Planalto da substituição no comando o ministério.

Nos últimos dois dias, Negromonte deixou claro aos mais próximos que não ficaria no governo. Para integrantes do seu grupo político, ele fez um desabafo e disse que "não aguentava mais o tiroteio" e que, por isso, "não tinha mais motivação para continuar". Num jantar em sua residência, na terça-feira, ele chegou a confirmar o teor da conversa que teve com Dilma, na segunda-feira, em Salvador. Como revelou O GLOBO, nesse encontro na capital baiana Negromonte pôs seu cargo à disposição da presidente. Em dezembro do ano passado, ele já havia dito que não brigaria para continuar no cargo e que "não fica de joelhos para ninguém".

As denúncias contra o ministro das Cidades

Em janeiro deste ano, O GLOBO publicou uma reportagem na qual mostra que o Ministério das Cidades deu preferência a emendas da Bahia, estado de Negromonte. Em novembro do ano passado, o jornal "O Estado de S. Paulo" mostrou que o Ministério das Cidades aprovou documento forjado para mudar um projeto de transporte para a Copa do Mundo de 2014, em Cuiabá, no Mato Grosso. De acordo com a denúncia, o documento foi adulterado com aval de Negromonte. Em depoimento no Senado, o ministro negou as denúncias.

 

 

Fonte/Autor: Oglobo

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