Os tempos são outros. Com muita saúde e disposição, os idosos da atualidade estão cada vez mais ativos, permitindo-se, inclusive, continuar aproveitando o prazer da relação sexual. Contudo, muitos não dão a devida atenção ao uso de preservativos, o que pode ocasionar o surgimento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Na Bahia, até outubro deste ano, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) registrou 187 casos de pessoas com mais de 50 anos infectadas pelo vírus da AIDS.
De acordo com Claudilson Bastos, infectologista do laboratório Sabin, esse cenário se deve, também, a uma mudança no perfil do portador do vírus HIV. “Nos anos 80, a imagem que se tinha da AIDS era de Cazuza, da pessoa fragilizada e emagrecendo, porque não tinha a terapêutica de hoje. Agora, com medicações mais potentes, o paciente tem mais qualidade de vida e não apresenta sintomas. E muitos não deveriam, mas veem isso como cura”, afirmou.
Além disso, o especialista acredita que o surgimento de remédios para aumentar a potência sexual é um dos responsáveis pela retomada da vida erótica de pessoas com mais de 60 anos.
Comportamento de risco
O propagado conceito de ‘Melhor Idade’, segundo o qual o idoso é estimulado a aproveitar a vida e a aposentadoria, principalmente viajando, tem favorecido o surgimento de atividades sexuais promíscuas, na opinião do médico.
Para ele, não existe mais grupo de risco, mas sim comportamento de risco, como o do homem que mantêm relações sexuais extraconjugais desprotegidas e, ao ser contaminado com alguma DST, acaba transmitindo a doença para sua mulher. “Embora a mulher acabe passando por situações de risco, os homens são os mais afetados pelas DST’s , porque são menos cuidadosos”, completou Bastos.
Para o infectologista, a recusa do uso da camisinha nas relações sexuais por parte do idoso é algo cultural, já que o dispositivo de prevenção nem sempre fez parte de sua vida.